Demétrio foi preso acusado de chefiar uma quadrilha que exigia propina de comerciantes em PetrópolisReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Justiça aceita nova denúncia contra Maurício Demétrio
Outros quatros cumplices do delegado, identificados como Alex Sandro Gonçalves Simonete, Rodrigo Ramalho Diniz, Mauro Marques Ramos e Thalles Wildhagem Camargo, também foram denunciados pelo mesmo crime
Rio - A Justiça do Rio aceitou uma nova denúncia contra o delegado de Polícia Civil Maurício Demétrio Afonso Alves, preso desde junho de 2021 acusado de chefiar um esquema de cobrança de propina a comerciantes de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Ele foi denunciado pelo Grupo de Ação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por crime de obstrução da Justiça. A decisão foi aceita pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Especializada do Crime Organizado.
Na época, o agente tentou impedir as investigações contra um esquema de propina na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), que estava sob seu comando. Os cumplices do delegado, identificados como Alex Sandro Gonçalves Simonete, Rodrigo Ramalho Diniz, Mauro Marques Ramos e Thalles Wildhagem Camargo, também foram denunciados pelo mesmo crime.
De acordo com a denúncia, Demétrio contou com a ajuda de Alex Sandro e Rodrigo para abrir um inquérito policial contra a delegada Juliana Menescal da Silva Ziehe, para tentar atrapalhar as investigações que ela conduzia contra a distrital. Ele teria forjado acusações sob narrativa falsas de crimes e destruído evidências apreendidas para tentar impedir as investigações contra a delegacia que comandava na época.
Segundo a denúncia, Thalles e Mauro Marques Ramos atuavam como advogados de Simonete e Diniz e trabalhavam em conjunto para construir uma narrativa caluniosa, com o objetivo de imputar à delegada Juliana Ziehe crimes graves.
O advogado Leonardo Dickinson, que representa Demétrio, afirmou que a nova denúncia seria uma tentativa de criminalizar as conversas de seu cliente com seu antigo advogado. Dickinson contou que ainda não teve acesso na íntegra da nova denúncia.
"Aparentemente, trata-se de tentativa de criminalização de conversas privadas entre o Delegado e o advogado que o representava à época”, contou.
Relembre o caso
Demétrio está preso desde o dia 30 de junho de 2021, quando foi alvo da operação 'Carta de Corso', deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). O delegado cumpre prisão preventiva na Penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo de Gericinó, em Bangu.
Segundo o Ministério Público, o esquema criminoso ocorreu entre março de 2018 e março de 2021, quando Maurício Demétrio era o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). De acordo com o órgão, o delegado e outros policiais civis exigiam dos lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, o pagamento de propina de R$ 250 semanais e outras vantagens indevidas para permitir que continuassem a venda de roupas falsas. A Rua Teresa é conhecida pelo comércio popular na Região Serrana.
O esquema era dividido por dois núcleos: um agia em Petrópolis e era responsável por ameaçar diretamente os lojistas e recolher os valores cobrados. Este era formado por Alex Sandro Gonçalves Simonete, Ana Cristine de Amaral Fonseca e Rodrigo Ramalho Diniz, comerciantes na Região Serrana. No Rio, Ricardo Alves Junqueira, advogado, e Alberto Pinto Coelho também foram denunciados pelo MP.
O outro núcleo era formado pelos policiais civis, que cumpriam diligências policiais contra determinados lojistas como 'forma de represália' a quem não pagasse a propina, segundo o Gaeco, subvertendo 'a estrutura da Polícia Civil em instrumento de organização criminosa'. Celso de Freitas Guimarães Junior, Vinicius Cabral de Oliveira, Luiz Augusto Nascimento Aloise são os policiais civis denunciados, junto com o perito criminal José Alexandre Duarte e o delegado Maurício Demétrio.
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