Mc Guimê deixa Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá após prestar depoimentoReprodução/ Ag News

Rio - O cantor Guilherme Aparecido Dantas Pinho, o MC Guimê, esteve na tarde desta segunda-feira (20) na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, para prestar depoimento. O artista é investigado por importunação sexual contra a mexicana Dania Mendez dentro do programa "BBB 23", da TV Globo. O participante e lutador Antônio Carlos Coelho de Figueiredo Barbosa Júnior, conhecido como Cara de Sapato, também é investigado e esperado para depor nos próximos dias. 
A unidade aguarda as imagens oficiais do programa, que foram solicitadas à emissora. A Polícia Civil informou que diligências seguem e a investigação está em andamento.
Guimê chegou à unidade policial às 13h50 e depôs por cerca de 55 minutos. Acompanhado de dois advogados e dois seguranças, ele disse à imprensa que estava na medida do possível tranquilo e que está tentando resolver o caso. O cantor também mencionou que os últimos dias foram de muita pressão.
Os dois participantes foram expulsos na noite do último dia 16 do reality. O inquérito contra o funkeiro e o lutador foi instaurado logo após os agentes tomarem conhecimento sobre o assunto. Vídeos do programa divulgados nas redes sociais mostram Guimê passando a mão nas nádegas da mexicana, que fazia um intercâmbio no programa brasileiro. Ela demonstrou incômodo e retirou as mãos do funkeiro do seu corpo. O MC ainda passou as suas mãos nas costas e na cintura da vítima.
O cantor usou as redes sociais na sexta-feira (16) para falar pela primeira vez sobre o assunto, após ser expulso do programa. Em um vídeo postado no Instagram, o artista disse que estava com o coração partido e processando tudo o que houve. "Estou muito triste com o que rolou na última festa do BBB 23, desde quarta-feira. Estou com o coração partido, mesmo. Ainda estou processando tudo que rolou, são muitas informações, estou muito chateado e vou me pronunciar oficialmente. Vocês poderão ver minhas palavras. Reconhecerei minhas falhas. Estou com o coração humilde e aberto para reconhecer meus erros quando preciso e sei que errei", disse.
Beijo de Cara de Sapato
No quarto Fundo do Mar, o lutador Cara de Sapato roubou um selinho de Dania, que o chamou de atrevido. Mais tarde, ainda no quarto, ele prendeu a mexicana na cama e jogou um edredom em cima dos dois. Os internautas ficaram indignados com a situação e, assim como aconteceu com Guimê, acusaram Sapato de assédio. "Isso é assédio! Dania falando NÃO e Sapato mobilizou ela na cama. Não é não. A mulher teve a mala aberta pelo participantes, Guimê passou a mão na bunda dela e Sapato forçando a Dania. DANIA MERECE RESPEITO Não é não #BBB23, vai passar pano pra isso?", questionou uma pessoa no Twitter.
Cara de Sapato se manifestou sobre o caso no sábado por meio de suas redes sociais. Em vídeo, o ex-participante afirmou que não percebeu que ultrapassou os limites com a mexicana. "Oi, pessoal. Não vim aqui antes porque foi tudo muito conturbado pra mim. Aconteceu muito rápido e me deixou muito, muito triste. Sempre prezei pelo cuidado e bem estar de todas as pessoas e sinceramente nunca imaginei na minha vida me envolver em uma situação como esta que estou vivendo agora. No momento não percebi que poderia estar passando dos limites. Para mim é um momento de desconstrução e nem sempre este caminho é um botão de liga e desliga", iniciou o vídeo. O lutador pediu desculpas à Dania, à sua família e a todas as mulheres que foram atingidas com o caso. Ele agradeceu os apoios e as críticas.
Crime de importunação sexual
Qualquer ato libidinoso, como beijo roubado, 'passada de mão' ou olhares lascivos e constrangedores podem incorrer em crime, caso a vítima não tenha consentido as atitudes, segundo especialistas ouvidos pelo O DIA. A importunação sexual foi tipificada no Código Penal brasileiro em setembro de 2018 para ocupar um vácuo na legislação. Antes havia apenas uma "contravenção penal" para punir a conduta, que não chegava a ser um crime e tinha penas brandas. A Lei nº 13.718, que tipificou o crime, determina que "importunação sexual é o ato de praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro".
A pena prevista é de um a cinco anos de reclusão, se o ato não constituir crime mais grave. Essa lei frisa que as penas aplicam-se independentemente da vítima denunciar o suspeito ou que já tenha mantido relações sexuais com ele anteriormente ao crime.