O inspetor penitenciário Marcelo de Lima, segundo testemunhas, estava alcoolizado e deu nove tiros à queima-roupa contra ThiagoRede Social

Rio - A Justiça aceitou na quarta-feira (12) a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra o policial penal Marcelo de Lima por homicídio triplamente qualificado. No dia 1º de abril, após a partida entre Flamengo e Fluminense, no estádio do Maracanã, Marcelo atirou por diversas vezes contra os torcedores do Fluminense Thiago Leonel Fernandes da Motta e Bruno Tonini Moura, em frente a uma pizzaria, causando a morte de Thiago. Com isso, o agente passa a responder como réu. Na decisão, o juizGustavo Gomes Kalil também manteve a prisão preventiva de Marcelo.
A denúncia foi feita pela 1ª Promotoria de Justiça junto ao IV Tribunal do Júri da Capital na terça-feira (11). A acusação afirma que, por volta das 22h52, em frente à pizzaria "Os Renatos", localizada na Rua Isidro de Figueiredo, Marcelo teria dito que "petista é igual flamenguista, tudo burro e ladrão", o que provocou a revolta das vítimas.
Após uma discussão, o policial penal efetuou disparos contra as vítimas, causando a morte de Thiago. Segundo o MP, o acusado agiu com vontade livre e consciente de matar "só não matando a outra pessoa por circunstâncias alheias à sua vontade, uma vez que Bruno recebeu pronto e eficaz atendimento médico".

De acordo com o documento encaminhado à 4ª Vara Criminal da Capital, os crimes foram praticados por motivo torpe, em razão do inconformismo de Marcelo com as posições políticas expressadas pelas vítimas após suas declarações. O policial atirou em via pública, com grande número de pessoas circulando e confraternizando em bares locais. Além disso, a ação dificultou a defesa das vítimas, pegas desprevenidas pela ação inesperada do denunciado, acrescenta o MP.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que o agente não estava em serviço no momento do crime e disse que "repudia todo ato de violência praticado pelos seus servidores".
Bruno Tonini Moura foi levado para o Hopital Badim, onde passou por cirurgia. De acordo com um amigo da vítima, por causa dos ferimentos, Bruno perdeu um pedaço do fígado, do intestino, baço e um dos rins. Marcelo foi preso em flagrante e, posteriormente, teve a prisão convertida em preventiva. 
Câmera flagrou disparo
Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o policial penal Marcelo de Lima matou o torcedor do fluminense Thiago Leonel Fernandes Motta e feriu seu amigo, Bruno Tonini Moura, após o Fla-Flu pelo Campeonato Carioca, no último dia 1º. Nas imagens, divulgadas pelo 'RJ2' da TV Globo, o agente aparece atirando no meio de centenas de pessoas nas redondezas do bar onde o crime ocorreu.
No vídeo, Marcelo aparece na calçada do bar, que estava lotado. Após a discussão com o cinegrafista, um clarão mostra o momento exato em que ele atirou contra a vítima, que aparece caindo no chão. Após se certificar da morte de Thiago, ele atira contra Bruno, que tentou correr, mas também cai após ser atingido pelos disparos. A confusão causou pânico entre as pessoas no bar, que saíram correndo ao ouvir os tiros.