De madrugada, agentes da tropa de elite da Polícia Militar incursionam na escuridão da Nova HolandaReprodução / Redes sociais

Rio - Exatamente às 23h55 desta segunda-feira (17) o caveirão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) entrou no Complexo da Maré e, segundo os moradores, a comunidade viveu uma "noite de terror". De acordo com relatos nas redes sociais, muitas pessoas ainda estavam na rua quando a operação começou.
Em entrevista ao DIA, Raniery Soares, de 26 anos, que é cria da Maré, ficou sem conseguir voltar pra casa por mais de duas horas. "Domingo é um dia de lazer na comunidade. Eu estava em um bar com os amigos, quando soube que o caveirão estava entrando. Foi um desespero, uma correria, cadeiras voando. Fiquei abrigado no bar por mais de duas horas", relatou Raniery. 
"Assim como a gente não conseguiu entrar em casa durante a operação, agora a gente não consegue mais sair. Temos medo. Nosso direito de ir e vir foi suspenso", relatou o morador.
Em vídeos publicados na internet, é possível ver dezenas de pessoas correndo e gritando para a polícia não atacá-los. Foram mais de 10 horas de operação e, ainda de acordo com relatos, muitas pessoas tiveram problemas para ir trabalhar, como desabafou Raniery. 
Com a operação, o cotidiano de centenas de pessoas foi afetado. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), 23 escolas foram fechadas, deixando 8.274 alunos sem aulas.
Segundo a Polícia Militar, nesta operação, que abarcou 4 comunidades da Maré, duas pistolas e drogas foram apreendidas após um confronto com criminosos da região. De acordo com a corporação, dois indivíduos atiraram contra os militares e, após a troca de tiros, um homem morreu e o outro ficou ferido. 
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini