Fernanda exerce o cargo de vereadora na Câmara Municipal de Caxias desde 2021Rede Social

Rio - Após a condenação de Fernandinho Beira-Mar e seus seis filhos, a vereadora Fernanda da Costa, pode perder seu mandato na Câmara Municipal de Duque de Caxias, na Baixada. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, como filha do criminoso, ela é acusada de exercer "papel político e social" na quadrilha do pai ao prestar serviços em comunidades de Caxias. Apesar da decisão do Tribunal Regional Federal de Rondônia em que há uma determinação sobre a suspensão dos seus direitos políticos, a vereadora ainda pode entrar com recursos para manter o cargo.
Fernanda exerce o mandato na Câmara desde 2021, ela pôde concorrer ao cargo porque ainda não havia sido condenada. Ela é uma das investigadas no processo que tramita na Justiça Federal em Rondônia. Nele, responde pelo crime de organização criminosa. 
De acordo com o MPF, Fernandinho Beira Mar é um dos criminosos mais perigosos do país e principal chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Ele acumula mais de 300 anos de prisão por crimes como homicídio, tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Embora preso desde 2001, investigações da Polícia Federal apontaram que, mesmo de dentro do presídio, ele seguia comandando o tráfico de drogas e dominando as favelas Beira-Mar (onde começou sua atuação criminosa e que gerou seu apelido), Parque das Missões e Parque Boavista.
Nas eleições de 2020, que elegeram Fernanda, um terço dos 3.999 votos que recebeu foram de eleitores que moram no Parque das Missões, onde ela somou 1.346 votos. A filha do traficante foi escolhida por 48,6% dos 2.769 eleitores da favela que foram às urnas na eleição passada.
No processo, ao todo, 35 pessoas foram condenadas pelo Tribunal Regional Federal de Rondônia por conta da "Operação Epístolas". A condenação, no entanto, é em primeiro grau e por isso cabe recurso.
A Operação Epístolas realizada em 2017 pela Polícia Federal teve como objetivo combater a quadrilha liderada de dentro da prisão pelo traficante. Na época, os agentes tinham 35 mandados de prisão a cumprir, sendo 22 preventivos e 13 temporários, além de 27 conduções coercitivas (quando a pessoa é levada para prestar depoimento). A maior parte dos presos foi detida no estado do Rio. Os 85 mandados de busca e apreensão resultaram na apreensão de R$ 100 mil reais em espécie, cestas básicas e cigarros que eram vendidos pela quadrilha.
As apreensões ocorreram no município de Caxias, onde a quadrilha de Beira-Mar tinha o controle sobre atividades ilícitas em 13 comunidades. As investigações apontavam que a influência do grupo chegava à Câmara Municipal, onde cargos comissionados eram ocupados por parentes do criminoso.
Além da vereadora, a Justiça Federal condenou os outros cinco filhos do traficante por atuarem na transmissão de recados do pai e envolvimentos em outros crimes.
Procurada, Fernanda ainda não se pronunciou sobre as acusações.