Crianças que foram agredidas ao lado da família, na frente da escola Escola Municipal Professora Graça GrijóMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - A mãe de mais uma aluna da Escola Municipal Professora Graça Grijó, no bairro de Vilar dos Teles, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, registrou nesta sexta-feira (28) um boletim de ocorrência contra a profissional na 64ª DP (São João de Meriti). Segundo a responsável pela aluna de 11 anos, a criança também foi alvo das agressões na segunda-feira (24) e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) na tarde desta sexta-feira (28). Agora, a professora responde por três acusações feitas por pais de alunos da mesma turma.
A mãe da aluna disse que só soube que sua filha havia sido vítima de outros estudantes quando o pai do menor agredido, o primeiro a denunciar o ocorrido, a procurou na tarde de quarta-feira (26). Anteriormente a menina havia falado apenas sobre a brincadeira e omitiu as agressões. A responsável revelou que a filha sentiu dores de cabeça, enjoos e teve desarranjo intestinal por causa do nervosismo com a situação.
Muito abalada e sem conseguir trabalhar há dois dias, a responsável da menina desabafou sobre o episódio. "Eu quero saber a verdade, eu quero saber porque ela não impediu as agressões. A minha filha sente dores na cabeça até agora, se apalpar ela sente dor. É complicado um adulto ver crianças agredindo outra criança, em uma situação de covardia, e não fazer nada. É no mínimo estranho e questionador isso acontecer dentro da sala de aula", desabafou.
Segundo ela, a filha levou 'mocão' de três alunos. "Ela não deu 'mocão' em ninguém, aqui em casa sempre conversamos muito sobre bullying e agressão. Não permito isso". A mãe ressaltou ainda a importância de denunciar o caso. "É uma situação que eu não esperava passar. Estamos em uma época onde está acontecendo tanta violência nas escolas, isso não pode ser só mais um episódio porque daqui a pouco pode acontecer coisa pior", disse. 
Professora nega acusações
A professora negou à Polícia Civil que tenha autorizado os 'cascudos' nas crianças. Em depoimento na 64ª DP (São João de Meriti), na quinta-feira (27), a educadora afirmou ainda que advertiu verbalmente os alunos sobre a brincadeira.
A versão dela entra em conflito com a versão apresentada pelos dois alunos do 6º ano. Segundo as crianças, a dinâmica, chamada de "meme, mico ou mocão", era responder a presença com memes em vez do próprio nome e, quem não soubesse, seria agredido pelos demais alunos. Na sua vez, um dos alunos não conseguiu e levou socos na cabeça de, pelo menos, 15 colegas de classe, autorizados pela professora. De acordo com o pai do menino, o filho chegou em casa, após a aula, se queixando de dores na cabeça e relatou o que havia acontecido.
"Agora ela vai negar tudo, é claro, já esperávamos. Ela está sendo orientada por advogados, mas pelos relatos das crianças, todas com a mesma versão de que foi a professora que deu a ideia, o que dizer sobre isso?", indagou a mãe da aluna.
De acordo com o delegado Bruno Enrique Abreu, responsável pelas investigações, o exame de corpo de delito do primeiro aluno comprovou as lesões. "A criança veio à delegacia de polícia junto com o seu responsável e nós encaminhamos ao Instituto Médico Legal. O exame já foi feito e, conforme consta no laudo, o aluno sofreu uma pequena tumefação traumática na região parietal bilateral, ou seja, trazendo assim a materialidade para o fato", explicou o delegado. A lesão consiste no aumento de volume de algum tecido do corpo, como um inchaço.
"Sendo confirmada, a professora, por ser agente garantidora, vai ter uma responsabilidade jurídico-penal em seu desfavor", ressaltou o delegado.
A Secretaria Municipal de Educação de São João de Meriti informou que rescindiu o contrato da educadora, que trabalhava há um mês na unidade, "assim que soube do ocorrido". A pasta também disse que "abriu uma sindicância para apurar todos os fatos e continuar tomando as medidas cabíveis para que isso nunca mais se repita".