A empresária Tais da Silva Fraga (blusa branca) e a sogra Vera (óculos), estiveram na Delegacia com o advogado para serem ouvidas pela delegada Rita Salim, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por causa da intolerância religiosa praticada por um motorista da Uber que recusou levar elas por causa das roupas que vestiam. Foto: Pedro Ivo/ Agência O DiaPedro Ivo/ Agência O Dia

Rio - A empresária Tais da Silva Fraga e a sogra, Vera Lúcia, prestaram depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio, na tarde desta terça-feira (2). Elas acusam um motorista de aplicativo de ter praticado intolerância religiosa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no sábado passado (29). Segundo a delegada Rita Salim, titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), o homem foi identificado e será intimado para prestar depoimento ainda nesta semana.
"Eu só expero que, ao expor minha família, não seja em vão. Zero preconceito e intolerância. Peço que as pessoas tenham respeito, pecisamos lutar pelos nossos direitos, eu só peço respeito. As minhas filhas estão bem abaladas, tristes, assim como eu, mas vamos conseguir", disse Taís, que deu detalhes do ocorrido: "Minha sogra estava entrando no carro e estava tudo certo, mas quando ele nos viu com as roupas, se negou. Ele não falou que era pela religião, mas o olhar dele disse tudo. Isso só me fortaleceu e vai fortalecer a todos a continuarem saindo com suas roupas, com suas contas, sem ter medo". 
Durante o depoimento, as vítimas reconheceram o motorista por meio de imagens. Ainda de acordo com a delegada, as duas crianças envolvidas no episódio serão ouvidas na próxima semana.
"Pelo que as vítimas declararam, o percurso seria de cinco minutos, fora da área de risco, e que o motorista estava habilitado apra receber quatro passageiros, mas que mesmo assim recusou. Elas alegaram houve intolerância religiosa por conta das vestimentas, que ele não falou explicitamente, mas que o comportamento foi inadequado para a situação. Por causa do horário da escola, elas serão ouvidas na próxima semana, vamos marcar um horário", afirmou.
Questionada quanto a necessidade de uma declaração explícita para configurar crime, Rita Salim afirmou que não. "É um conjunto de provas. Nós analisamos o comportamento, a maneira que as vítimas se sentiram e vamos rever a capitulação. Agora, as investigações vão seguir e tudo vai ser analisado para entedermos toda a dinâmica do fato. Nós identificamos o motorista hoje, as vítimas fizeram o auto de reconhecimento, vamos intimá-lo e ele será ouvido possivelmente esta semana.
Procurada pelo DIA, a Uber afirmou que não tolera discriminação e a conta do suspeito está suspensa enquanto o caso está sendo investigado. 
"A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. A conta do motorista parceiro já foi temporariamente desativada, enquanto aguardamos pelas apurações", informou a empresa, que também reafirmou seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o aplicativo.