Contrato entre concessionária e o Governo do Rio termina neste anoHenrique Freire / Governo do Rio

Rio - A concessão do sistema ferroviário do Rio de Janeiro ganhou um novo capítulo após a empresa japonesa Mitsui, principal acionista da Gumi Brasil Participações - que controla a SuperVia -, formalizar a sua desistência, através de uma carta ao Governo do Estado, e comunicar a falta de interesse em continuar no comando das operações. Como resposta, a Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana (Setram) teria sugerido a criação de um termo aditivo para comprovação dos investimentos da empresa no sistema.
De acordo com o 'RJTV1', da TV Globo, o secretário Washington Reis enviou uma carta à Gumi Brasil, como resposta à desistência, sugerindo a celebração de um novo termo aditivo com a única finalidade de se prorrogar a data final para comprovação dos investimentos. 
Um dos motivos para a empresa deixar o comando das operações do sistema ferroviário seria a crise financeira que a pandemia de covid-19 causou na concessionária. Por isso, a empresa não estaria atendendo os padrões de exigência de performance modernos e eficientes buscados pela Secretaria de Transportes. Em uma parte do documento, divulgado pelo 'RJTV', o secretário escreveu que entende os problemas financeiros, mas também disse que o estado não pode ser responsabilizado por isso.
"É de nosso entendimento que a empresa precisa melhorar sua eficiência operacional, otimizando o uso de ativos e também os custos. É compreensível que qualquer companhia passe por problemas financeiros. O poder concedente não pode ser responsabilizado e muito menos arcar com o reequilíbrio financeiro da concessionária", diz a carta.
Questionada pelo O DIA, a Setram informou nesta terça-feira (9) que não há prazo para a saída efetiva do acionista da concessionária e que está trabalhando com celeridade e transparência, junto à SuperVia, para que a transição seja realizada da melhor forma possível, preservando a operação do serviço.
Segundo a secretaria, o modelo da atual concessão, realizada na década de 1990, está ultrapassado, não permitindo mecanismos de medição de qualidade dos serviços prestados.
"O novo modelo de concessão, proposto pela Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana, será baseado em mecanismos de performance mais modernos e eficientes, sempre priorizando a segurança e o bem-estar dos usuários em seus deslocamentos", contou em nota.
No final de abril, o governador Cláudio Castro (PL) disse que o modelo de concessão não estava funcionando e, por isso, será criado um novo com base nos anseios da população. De acordo com Castro, o estado fez um aporte de cerca de R$ 400 milhões, em 2022, para compensar perdas com a queda do número de passageiros, mas os serviços continuaram precários e sem os resultados esperados.
Com diversas reclamações de usuários por atrasos e falta de infraestrutura, a avaliação do grupo japonês é de que as contas não fecham, apesar de possuir uma das maiores tarifas do país – R$ 7,40. Com o futuro incerto sobre a operação da malha ferroviária fluminense, O DIA procurou especialistas na área, que divergiram sobre o caminho a ser seguido pelo governo.