Claudia Lúcia da Costa, mãe de Adrielle da Costa Silva, de 32 anos, foi IML reconhecer o corpo da filha. Adrielle foi encontrada morta a facadas dentro de casa, em Nova Iguaçu, na tarde de terça-feira (9)Marcos Porto/ Agência O Dia

Rio - A mãe de Adrielle da Costa Silva, de 32 anos, encontrada morta a facadas dentro de casa em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi ao Instituto Médico Legal (IML) fazer a liberação do corpo da filha. Cláudia Lúcia da Costa disse não saber quem cometeu o crime contra Adrielle, mas suspeita que ela tenha sido vítima de feminicídio no bairro do Marapicu, na tarde de terça-feira (9). A Delegacia de Homicídios da Baixada (DHBF) investiga o crime.
Cláudia conta que Adrielle estava na residência onde morava com a filha de um ano e foi encontrada pela outra filha, de cinco anos, sem roupa e caída no chão ao lado de uma poça de sangue, sem vida. A criança voltava da escola e, ao ver a cena, pediu socorro a parentes. O corpo de Adrielle também tinha marcas de briga. A mãe acredita que ela tenha entrado em luta corporal com o assassino e lutado para viver. 
"Minha neta de cinco anos viu a mãe numa poça de sangue, despida, minha filha estava nua, jogada no chão do quarto. Ela lutou muito para não morrer e quem fez isso também deve estar machucado. Vamos ver se tem justiça nesse país. Será que tem? Será que minha filha vai ser mais uma? Amanhã vai ser mais uma e depois outra e outra", lamentou Cláudia.
De acordo com a Polícia Militar, o 20º BPM (Mesquita) foi acionado para verificar um feminicídio na Estrada do Curral Novo. No local, as equipes encontraram a vítima morta a facadas. Os agentes chegaram a conversar com familiares de Adrielle, que não souberam informar quem poderia ser o autor e qual a motivação para o crime.
A mãe da vítima, ainda no IML, mesmo sem suspeitar quem possa ser o autor do crime e a motivação, falou que agora entende o sofrimento de outras mães que enfrentam a dor da perda de outras filhas. "A gente tem que acabar com essas coisas de feminicídio, se a mulher não quer mais, não é não, acabou, cada um que vá viver sua vida. Minha filha é mais uma na estatística, agora estou vendo como dói perder um filho. Minha filha teve a vida interrompida. O que vai ser dos meus netos?", questionou Cláudia. Adrielle deixa quatro filhos, todos menores de idade. "Era uma menina doce, trabalhadora, lutadora, criava os filhos dela, trabalhava como confeiteira, amava fazer doces. Mataram a minha filha", relembrou a mãe, abalada.
A família ainda não marcou horário e local do enterro de Adrielle da Costa. Diligências estão em andamento na DHBF para identificar a autoria.
Feminicídio
Oito anos após a promulgação da Lei do Feminicídio no Brasil – homicídio em razão do gênero –, a morte violenta de mulheres ainda é registrada pelo menos uma vez ao dia, segundo o terceiro relatório "Elas Vivem: dados que não se calam", elaborado pela Rede de Observatórios da Segurança, em março deste ano. Só na última semana, ao menos três feminicídios foram registrados no Rio, dois na Zona Oeste e um na Zona Norte. No triste caso de Aline da Silva de Oliveira, de 41 anos, morta a tiros na frente do próprio filho, na tarde da última sexta-feira (5), em Bangu, duas medidas protetivas chegaram a ser pedidas na 2ª Vara de Violência Doméstica, mas foram negadas pela Justiça por falta de provas.
Em entrevista ao Dia, especialistas apontaram a necessidade de melhorias no Judiciário para combate ao feminicídio.
*Colaboração de Marcos Porto.