Rio - O ex-policial militar João Carlos de Oliveira Antunes, de 56 anos, morto a tiros em Campo Grande neste domingo (14), foi expulso da corporação em 2012 depois de uma investigação que encontrou provas de uma participação do homem na quadrilha de milicianos Liga da Justiça.
De acordo com um processo instaurado pela Secretaria de Estado de Polícia Militar naquele ano, João teria um envolvimento com a milícia fundada na Zona Oeste do Rio, que tinha como um de seus representantes o ex-vereador do Rio, Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, assassinado no ano passado.
A expulsão aconteceu depois da análise dessas provas e teve como objetivo evitar complicações para a corporação e não abalar a confiança da população na PM. João também foi processado e condenado, em primeira e segunda instância, a nove anos de prisão pelo crime de associação criminosa, o que levou a perda de seu cargo público.
Segundo decisão da juíza Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto, em 2012, o homem não poderia cumprir a sua pena no Batalhão Prisional Especial (BEP), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, porque não era mais considerado um policial militar. Por isso, ele foi transferido para o Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
Na época, a defesa de João entrou com um habeas corpus pedindo que ele ficasse preso no local como forma de proteção e evitar que entre em contato com outros detentos em unidades da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), o que foi negado pela magistrada, que alegou que a transferência para Bangu já havia acontecido.
"É sabido que o ora paciente João Carlos de Oliveira Antunes foi excluído das fileiras da corporação da PMERJ por decisão administrativa datada 18/04/2012.O ora paciente foi processado e condenado à pena de 09 anos de reclusão pelo crime do art. 288, parágrafo único do CP, sendo decretada a perda de seu cargo público. Restou demonstrado que o ora paciente já foi transferido do BEP para o Presídio Plácido de Sá Carvalho, por determinação da Vara de Execuções Penais. Desta forma, verifica-se que o pedido restou prejudicado, uma vez que já houve a transferência do ora paciente", escreveu na decisão.
Morte por homens encapuzados
João Antunes foi assassinado na tarde deste domingo (14), Dia das Mães, na Rua Spizona, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. A vítima foi comprar carvão para fazer um churrasco quando foi surpreendido por homens armados com fuzis e encapuzados.
Imagens de uma câmera de segurança flagraram a dinâmica dos criminosos. Pelo menos, seis homens com toucas ninja saíram de dois carros e foram na direção de um grupo de pessoas. Neste momento, João é visto andando para trás com as mãos levantadas, mas os criminosos atiram à queima roupa. Até o assassinato, a dinâmica durou cerca de 20 segundos.
O ex-PM deixou a mulher e um casal de filhos. Ainda não há informações sobre o seu sepultamento.
A Polícia Civil informou que uma perícia foi realizada no local e os agentes estão em busca de provas para esclarecer o crime. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
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