Rio - Foi sancionada na segunda-feira (15) a lei que inclui o Dia dos Anjos de Realengo no calendário oficial da cidade do Rio. A data 7 de abril deverá ser lembrada anualmente, quando o poder público municipal incentivará campanhas contra o bullying e outras práticas violentas em ambiente educacional.
A Lei Nº 7.872, de 15 de maio de 2023, tem como autores os vereadores Luciana Novaes, Rocal, Teresa Bergher, Dr. Marcos Paulo, Luciano Medeiros, Thais Ferreira, Celso Costa, Monica Benicio, Vera Lins e Dr. Carlos Eduardo.
A presidente da ONG Anjos de Realengo, Adriana Silveira, é mãe da vítima Luiza Paula, que tinha 14 anos, quando perdeu a vida. Ela luta desde 2011 para que o episódio não se repita, mas considera que pouco foi feito para conscientizar as crianças, adolescentes, e a sociedade geral contra o bullying. "Para mim, a maior tristeza é ver os casos de violência contra às escolas aumentando. Precisamos conscientizar sobre o que é o bullying e fazer o trabalho de prevenção contra esse grande vilão. Muitas crianças não conseguem falar com os pais, se calam, vão sofrendo e no limite cometem até suicídio", afirma Adriana.
Todo o dia 7 de abril, a ONG realiza ações de conscientização, mas com a legislação, espera que a campanha seja ampliada para todas as redes de ensino da capital. "As nossas escolas precisam falar sobre isso. De preferência toda a sociedade. Para o ano que vem, vamos fazer uma grande campanha com banners em ônibus, em escolas e lugares públicos para que as pessoas vejam que estamos enfrentando o mal do século", conta a mãe da vítima e presidente da ONG.
Adriana lamenta que a chacina em Realengo não tenha sido o único caso desse tipo de violência no Brasil. "Não podemos aceitar perder crianças dentro de escolas. Quando aconteceu aqui em Realengo, o caso entrou no noticiário internacional. Vários especialistas foram ouvidos, mas pouco foi feito. Minha voz sozinha, é só uma voz. A gente precisa que de toda a sociedade e as nossas autoridades precisam abraçar de fato esse trabalho", completa.
O Massacre de Realengo, como ficou conhecido o assassinato de 12 adolescentes na Escola Municipal Tasso da Silveira, completou 12 anos este ano. No local, estátuas representam os adolescentes Géssica Guedes, 15 anos; Luiza Paula, 14; Karina Chagas, 14; Rafael Pereira, 14; Milena dos Santos, 14; Larissa dos Santos, 13; Samira Pires, 13; Bianca Rocha, 13; Laryssa Silva, 13; Igor Moraes, 13; Marina Rocha, 12, e Ana Carolina, 12.
A chacina na escola ocorreu em 2011, quando um atirador invadiu a escola Tasso da Silveira e matou doze alunos entre 13 e 16 anos. Na manhã daquele 7 de abril, um ex-aluno entrou armado na escola. O massacre foi interrompido por uma equipe da Polícia Militar, que foi chamada ao local. O atirador foi ferido em uma troca de tiros com um sargento da polícia e, em seguida, tirou a própria vida.
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