Polícias Civil e Militar realizam operação na Maré contra roubo de cargas e veículos
Segundo a PM, um dos objetivos da ação é a prisão de criminosos envolvidos nestes tipos de crime: 'o águia foi o despertador de hoje', relatou um morador
Operação policial no Complexo da Maré, nesta quinta-feira (18). - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Operação policial no Complexo da Maré, nesta quinta-feira (18). Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio - Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) realizaram, nesta quinta-feira (18), uma operação conjunta no Complexo da Maré, na Zona Norte. Segundo a Polícia Militar, a operação teve o objetivo de prender criminosos envolvidos em roubos sistemáticos de cargas e veículos.
De acordo com a PM, a operação acontece nas comunidades do Parque União e Nova Holanda. Além do Bope e do Core, policiais do BAC (Batalhão de Ação com Cães) também atuaram no Parque União. Ao todo, os agentes apreenderam 4 mil papelotes de crack e cerca de nove quilos de maconha divididos em oito sacolas e um tablete.
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Raniery Soares, de 26 anos, morador do Parque Maré, comunidade ao lado da Nova Holanda, disse que ouviu os tiros nesta manhã. "Clima tenso. O águia foi o despertador de hoje. Saíram uns tiros, mas logo pararam. Não conseguimos sair para trabalhar e nem para estudar", reclamou o jovem.
Raniery também se queixa sobre as constantes intervenções e tiroteios na região. "No mês passado foram quatro. Rotina totalmente interrompida pelo Estado", concluiu.
Segundo relatos, além do helicóptero, conhecido como águia, o caveirão da polícia também atuou no complexo.
Uma moradora do Parque União, que preferiu não se identificar, denunciou que sua casa teria sido invadida pelos agentes. "Com três crianças em casa, tive a casa invadida por policiais. Eu achava que era exagero de algumas pessoas, mas, hoje, vi que não é. Me senti coagida e humilhada. Em cada pergunta eu me tremia para responder", desabafou a mulher.
Segundo a jovem, os policiais afirmaram que ela não ouviu eles batendo na porta. "Acordei com um na janela do quarto e um dentro da minha sala. Cada dia mais difícil viver na favela", relatou.
Procurada, A PM informou "que as ações da corporação são planejadas com base em informações da inteligência, sendo pautadas por critérios técnicos e tendo como preocupação central a preservação de vidas". A Polícia Civil ainda não se manifestou sobre a invasão.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), 22 unidades escolares foram impactadas e 7.897 alunos ficaram sem aula, em decorrência das operações na Maré.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que as clínicas da família Diniz Batista dos Santos e Jeremias Moraes da Silva interromperam o funcionamento.
Outras operações no Rio
Policiais militares também estiveram, nesta quinta-feira (18), em oito comunidades da Zona Oeste e Baixada Fluminense. Além destas, a equipe do 41° BPM (Colégio) e do Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer) realizaram uma operação no entorno das estações de trem de Barros Filho e Costa Barros, na Zona Norte.
Na Zona Oeste, policiais do 27° BPM (Santa Cruz) fizeram uma ação nas comunidades do Aço, Três Pontes, Rola e Antares, em Santa Cruz. Não houve registro de prisões, apreensões ou confrontos.
Já em Seropédica, na Baixada Fluminense, militares do 24° BPM (Queimados) estiveram nas comunidades da Palanca, Casinha, Canto do Rio e Campo Lindo. Nestas, também não há informações sobre prisões ou confrontos.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini
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