Mulher agride entregador de delivery em São ConradoReprodução/Redes Sociais

Rio - Perto de completar dois meses, o caso da ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, de 53 anos, que agrediu com tapas, socos e coleira dois entregadores de delivery em São Conrado, na Zona Sul, segue sendo investigado pela Polícia Civil. O ataque contra Max Ângelo dos Santos e Viviane Maria de Souza aconteceu no domingo de páscoa, no dia 9 de abril.

De acordo com a 15ª DP (Gávea), que responde pelo caso, os envolvidos prestaram depoimento e a investigação segue em andamento. Entre eles, a própria autora das agressões, Sandra Mathias. Indiciada por lesão corporal e injúria simples, ela foi uma das últimas pessoas a prestar depoimento no dia 17 de abril, seis dias após ter sido intimada. No momento, a ausência foi justificada com a apresentação de atestado.
O depoimento da ex-jogadora durou cerca de três horas. Depois dela, outras três pessoas eram esperadas pela distrital para depor sobre as agressões. O caso aconteceu na calçada do prédio onde a ex-jogadora de vôlei vivia, na Estrada da Gávea, em São Conrado.

Na ocasião, registrada em vídeo, a mulher aparece agredindo com socos, puxões e tapas o entregador Max. Antes das filmagens, ela já havia se desentendido e agredido a outra entregadora envolvida no caso, Viviane Maria de Souza.

A confusão com os entregadores, contudo, teria começado bem antes, no dia 4 de abril. Em imagens de câmeras de segurança, é possível ver Sandra discutindo com Max após o entregador passar por ela na mesma calçada onde as agressões ocorreram.


O entregador disse, inclusive, que naquele momento a moradora o chamou de "preto favelado" exigindo que ele saísse da calçada do prédio onde ela morava. Em seu depoimento, contudo, Sandra teria alegado que o entregador fez comentários homofóbicos sobre ela.

As falas foram negadas por Max, que se referiu ao caso em entrevista ao DIA como uma situação triste: "(Me) chamou de marginal, de preto, disse que eu tinha que voltar para a favela, que eu não tenho que estar em São Conrado, que ela paga IPTU e muitas outras coisas, me mandou tomar em tudo quanto é lugar. É triste e eu só quero justiça, quero que ela pague pelo que ela fez", declarou o entregador.
No vídeo em que Max é agredido, ele parece apenas tentar se defender e não rebate nenhum ataque da ex-jogadora de vôlei. A época do caso, a Polícia apurava a possibilidade da atitude da ex-jogadora de vôlei ser enquadrada no crime de injúria por preconceito. O crime prevê penas de até cinco anos de prisão em regime fechado.
Vítima chegou a ser presa por tráfico de drogas
Uma das vítimas de Sandra, Viviane de Souza foi presa no dia 24 de abril após se entregar na 15ª DP (Gávea) depois de saber que havia um mandado de prisão em aberto expedido pela Justiça de São Paulo, em 2016, pelo crime de tráfico de drogas.
A prisão aconteceu no mesmo dia em que a entregadora representou criminalmente a ex-jogadora de vôlei pelos crimes de homofobia, injúria, lesão corporal, dano e perseguição. Viviane foi encaminhada para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, e posteriormente para o Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, na Zona Oeste.
Após diferentes habeas corpus protocolados, a Justiça de São Paulo aceitou na terça-feira (30) um pedido do Ministério Público do estado para a liberação de Viviane. Na decisão, a juíza Mayara Maria Oliveira Resende, da Comarca de Laranjal Paulista, determinou que a entregadora terá que justificar suas atividades mensalmente e não poderá se ausentar do Rio de Janeiro.
O MPSP já tinha dado um parecer favorável pela revogação da prisão preventiva da entregadora. A promotoria levou em consideração a alegação da defesa de Viviane de que ela "é uma pessoa simples e com pouca instrução, razão pela qual não tinha pleno conhecimento das restrições impostas no momento da sua liberdade provisória em 2016". Foi destacado também que a entregadora não tem outros processos criminais, possui residência fixa e trabalho formal.