Bruno de Souza Rodrigues tentou vender o carro do ator Jeff Machado no dia 31 de janeiro deste anoReprodução/TV Globo

Rio - Os investigadores da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) tiveram acesso às imagens de uma câmera de segurança que flagraram Bruno Rodrigues, acusado de matar o ator Jeff Machado, tentando vender o carro da vítima. A tentativa de venda aconteceu no dia 31 de janeiro, por volta das 10h, oito dias depois da data que a Polícia Civil estima que o ator tenha sido assassinado.
Veja o vídeo:
Nas imagens, Bruno aparece chegando na loja ao lado do então namorado Rodrigo Alvim. Para a delegada responsável pelas investigações, Elen Souto, o produtor só não conseguiu vender o veículo Renault Duster branco, pois não havia nenhum documento com a assinatura do verdadeiro proprietário. O vendedor que atendeu Bruno em janeiro prestou depoimento na DDPA. Segundo ele, o carro, avaliado em R$ 109 mil, foi oferecido à concessionária com a justificativa de que Jeff estava tratando de um câncer terminal.
Segundo as investigações, o acusado também quis vender o imóvel onde Jeff morava, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, por um valor abaixo do avaliado. A residência tinha um preço aproximado de R$ 600 mil, mas durante a venda Bruno pedia R$ 280 mil. Como não conseguiu um comprador, o suspeito ainda abaixou mais o preço, continuando sem sucesso.
Para a titular da DDPA, o crime foi motivado por questões financeiras. Uma das linhas de investigação da especializada analisou que o suspeito enganou a vítima com a promessa dele estrelar uma novela, pedindo uma quantia de R$ 20 mil, que foi paga.
O produtor de TV é considerado foragido desde a última sexta-feira (2), quando a Justiça decretou sua prisão dele e a do garoto de programa Jeander Vinicius da Silva Braga, que já foi detido. Bruno foi indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver.
PF emitiu alerta contra produtor foragido
A Polícia Federal (PF) incluiu em seus sistemas o alerta de que Bruno está foragido pela morte e ocultação do corpo de Jefferson Machado. Desde que se tornou foragido, não houve registro de que Bruno tenha usado o passaporte. Por ser descendente de portugueses e contar com dupla cidadania, o produtor tem passaporte europeu, mas a licença não seria um impeditivo para sua identificação e prisão em portos e aeroportos, desde que ele tente deixar o país com o mesmo nome que se identifica no Brasil.
Além do alerta da Polícia Federal, o advogado Jairo Magalhães também encaminhou um e-mail alertando o Departamento de Estrangeiros e Fronteiras da Polícia Judiciária de Portugal sobre o suspeito estar sendo procurado no Brasil. "Permanecer foragido só demonstra o interesse dele de se furtar da aplicação da lei penal, justificando e reforçando a necessidade da prisão dele", destacou a defesa.
Acusado mandou bolo de aniversário à Jeff
Três dias antes de ser morto, Jeff recebeu um bolo de aniversário do principal suspeito de planejar a sua morte. "Obrigado meu grande amigo Bruno Larrubia pelo delicioso bolo. Gratidão!", escreveu o ator em uma publicação em sua rede social. Jeff fez 44 anos no dia 19 de janeiro. 
Veja a publicação:
Relembre o crime
O corpo de Jeff foi encontrado no dia 22 de maio, dentro de um baú enterrado e concretado a dois metros de profundidade em uma casa alugada por Bruno, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O imóvel foi alugado pelo produtor em dezembro do ano passado, um mês antes do desaparecimento do ator. Uma das linhas de investigação da especializada analisou que o suspeito enganou a vítima com a promessa dele estrelar uma novela, pedindo uma quantia de R$ 20 mil, que foi paga.
Desde o encontro do cadáver, a suspeita sobre Bruno foi aumentando. O produtor teria ficado com a chave da casa de Jeff e com alguns pertences depois do desaparecimento, o que chamou atenção dos investigadores. Uma fatura bancária do ator entregue à Polícia Civil, nesta segunda-feira (29), indicou que o cartão de crédito dele foi usado após o seu desaparecimento. De acordo com o boleto de fevereiro de 2023, foram feitas quatro transações entre os dias 23 e 26 de janeiro, mesmo período em que a investigação acredita ter ocorrido a morte do ator. A movimentação suspeita é de R$ 5.392,02.
Uma outra prova incluída no inquérito foi uma multa recebida pelo carro de Jeff no período em que ele estava desaparecido. A distância entre o local onde o veículo foi multado e a casa em que o corpo do ator foi encontrado é de 12km. Diante das provas juntadas, a DDPA pediu, na segunda-feira (29), a prisão dos dois suspeitos. Inicialmente, apenas Bruno era considerado o autor do crime, mas os investigadores identificaram que Jeander também estava envolvido.