Vinícius JúniorLuis Gene/AFP

Rio - A Câmara do Rio promulgou, nesta quarta-feira (7), o projeto que dá ao jogador Vinícius Júnior, nascido em São Gonçalo, o título de Cidadão Honorário do Rio. O atleta receberá a homenagem concedida a personalidades que contribuem com a sociedade por sua luta contra o racismo. O atacante tem sido alvo reiteradamente em partidas de futebol na Espanha. A cerimônia de entrega do certificado, no entanto, não tem data para acontecer.
Presidente da Comissão Especial de Combate ao Racismo da Câmara do Rio, a vereadora Monica Cunha (PSOL) relembrou que os ataques que Vini Jr. tem combatido representam uma luta fundamental nos dias atuais. "Esse ato abominável com o jogador na Espanha não é uma exclusividade dele. Todos os dias, tristemente, crianças, jovens, homens, mulheres e idosos negros enfrentam o crime do racismo. Enquanto parlamentares, devemos dar a devida importância a todos os casos, independentemente de quem seja, para eliminar esse mal da nossa sociedade", afirmou.
Um dos autores da proposta conjunta dos vereadores, o presidente da Câmara Carlo Caiado reforça a importância do gesto. "O Vini Jr. é um grande atleta que nos orgulha por seu talento em campo e por sua postura de não aceitar e denunciar esse tipo de ataque. Estamos todos solidários em apoio a essa luta", afirma Caiado.
Na última terça-feira (6), a Assembleia Legislativa do Rio também aprovou a concessão da Medalha Tiradentes, maior honraria do Parlamento Fluminense, para o jogador. Além disso, a casa aprovou medidas contra o racismo nos estádios de futebol. As ações fazem parte de uma mobilização de diversos deputados da Casa, de diferentes matizes ideológicas, após a onda sucessiva de ataques racistas contra o atacante da seleção brasileira em partidas na Europa.
Entenda o caso do Vini Jr.
Durante o jogo entre Real Madrid e Valencia, na Espanha, em maio, a torcida valenciana gritou insultos como "macaco" direcionados ao jogador do Real Madrid. A partida foi interrompida e até o locutor do estádio teve que pedir para que torcedores parassem de insultar o atacante para que o jogo pudesse ser reiniciado.
Já nos minutos finais da partida, o goleiro do Valência, Mamardashvili, partiu para cima de Vini Jr, iniciando uma confusão generalizada. Vinícius sofreu uma espécie de 'mata-leão' do jogador Hugo Duro, foi empurrado e, ao reagir, acabou sendo expulso após análise do VAR. Nada aconteceu com os jogadores do Valência.
Nas redes sociais, ele desabafou e contou que não foi a primeira vez que foi vítima de racismo: "Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista".
"Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", continuou o atacante. 
Entre os outros casos de racismo envolvendo o atleta brasileiro na Espanha, um de grande repercussão ocorreu em janeiro deste ano, quando torcedores do Atlético de Madrid penduraram em uma ponte da capital espanhola um boneco com a camisa do Vinícius Júnior e uma faixa escrita "Madri odeia o Real".