Batalhão de Choque fazendo ronda durante operações na Cidade de DeusPedro Ivo/Agência O DIA
Fogo Cruzado: Rio acumula 460 tiroteios em áreas escolares e impacta ano letivo
Das 7.386 escolas e creches presentes no Grande Rio, 725 delas tiveram confrontos no seu entorno
Rio - Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado mostrou que a Região Metropolitana do Rio acumulou 673 tiroteios, sendo 460 próximos a escolas públicas e privadas, e 226 durante operações policiais, ao longo de 76 dias letivos. Segundo o compilado, das 7.386 escolas e creches presentes no Grande Rio, 725 delas tiveram confrontos no seu entorno. Em média, a cada 10 unidades de ensino, uma foi impactada diretamente.
Ainda em fevereiro, 12 escolas da Vila Kennedy tiveram as aulas suspensas já no primeiro dia de aula. Nos dias 7, 10, 13 e 14 daquele mês, mais escolas das zonas Norte e Oeste foram afetadas. Entre os cinco municípios com mais tiroteios próximos aos centros educacionais, estão Rio de Janeiro (330), Duque de Caxias (37), Niterói (17), São João de Meriti (17) e Belford Roxo (16). Já entre os bairros, os mais afetados foram Praça Seca (27), Vila Kennedy (23), Cidade de Deus (19), Bangu (14) e Brás de Pina (14).
Para Carlos Nhanga, Coordenador Regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio, a violência armada atinge a vida da população de diferentes formas. "Quando um tiroteio acontece, toda população é afetada. Trabalhadores deixam de sair para seus empregos, profissionais da saúde deixam de prestar atendimento médico para seus pacientes, crianças e adolescentes deixam de ir para a aula. É preciso que o Estado invista em uma política que de fato traga segurança para a população e que não prejudique ainda mais quem já sofre diariamente com a violência", afirmou.
Ao DIA, o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, pontuou que a segurança dos alunos e profissionais é prioridade e que diversas medidas estão sendo realizadas para combater os conflitos armados. "Escola deve ser lugar sagrado, de paz, não de violência, conflitos e tiros. Temos protocolos robustos para lidar com esses casos, como o programa Acesso Mais Seguro, em parceria com a Cruz Vermelha Internacional, que orienta como nossas escolas devem proceder em caso de conflitos nos arredores", disse.
Ainda de acordo com o Ferreirinha, um aplicativo criado pela pasta ajuda na tomada de decisões a partir das denúncias: "Criamos o aplicativo Escola Segura, no qual os diretores podem relatar diferentes situações de risco, permitindo a prevenção e contenção de problemas. Além disso, intensificamos as ações do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (NIAP), que apoia nossas escolas com suporte psicológico".
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou, por meio de nota, que "as ações de enfrentamento ao crime organizado são planejadas com base em informações de inteligência, sendo pautadas por critérios técnicos e pelo previsto na legislação vigente, tendo como preocupação central a preservação de vidas, sendo executadas de forma integrada com outros órgãos de segurança".
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