Vídeo mostra milicianos do grupo de Zinho desafiando rival na Zona OesteReprodução / Redes Sociais
No vídeo que circula nas redes sociais, o suspeito afirma que caso o trabalhador volte ao local, sua moto poderá ser roubada e destruída. A ameaça consiste em destruir o veículo da vítima colocando fogo nele. Entre os locais proibidos para trabalho estariam a Tijuquinha, Muzema e Rio das Pedras, na Zona Oeste do município.
Para Vinícius Cavalcante, consultor em segurança pública, os grupos paramilitares têm o apoio de integrantes das próprias forças de segurança e por isso é tão difícil de combater a criminalidade nessas regiões. "Eles tem contatos, conhecimento e simpatias, que muitas vezes são compradas. Nesses locais, eles realmente mandam porque as forças de segurança se fazem menos presente, mas a gente sabe que a corrupção não é só privilégio da milícia. O tráfico também corrompe e compra favores".
Segundo Vinícius, a proibição de circulação se dá pelo fato de que a milícia não permite ser observada. "Muitos dos trabalhos de inteligência da polícia são feitos utilizando um álibi de motorista de Uber, pro exemplo. O policial está com um carro descaracterizado, com adesivo ou letreiro iluminado da Uber, mas na verdade está ali monitorando. Em função disso, a criminalidade já alerta a isso não quer permitir que sejam observados nas áreas em que dominam", explicou ao DIA.
Em nota, a Uber lamentou o ocorrido e informou que permanece à disposição para colaborar com as autoridades "A Uber lamenta que cidadãos que desejam apenas trabalhar ou se deslocar sejam vítimas da ameaça de violência que permeia em nossa sociedade. A empresa permanece à disposição para colaborar com as autoridades no curso de investigações, nos termos da lei", diz a nota.
O também especialista em segurança pública e advogado criminalista, Marcos Espíndola, afirma que o Rio ultrapassou os limites desse tipo de atividade criminosa. "O que acontece no Rio, não acontece em nenhum lugar do mundo, tem comunidade com disputa de mais de três facções. As pessoas que moram em comunidades são escravizadas pela milícia e pelo tráfico. Se tivéssemos um projeto de polícia comunitária, a continuidade das UPPs, ou um policiamento extensivo de rua, as coisas seriam diferentes. A verdade é que não temos um grupo de combate à milícia com efetivo suficiente, tecnologia e investigação e por isso não funciona. Então eles vão crescendo e se multiplicando", ressaltou.
Procurada, a Polícia Militar informou que atua ostensivamente na região e que, em caso de flagrante, os envolvidos serão presos. A corporação disse, ainda, que se o cidadão se sentir ameaçado, deve acionar os policiais via Central 190 ou o aplicativo 190. Os fatos também devem ser registrados em delegacia.
Já a Polícia Civil afirmou que não foi localizado registro de ocorrência especificamente sobre o fato. Quanto à denúncia de ameaças, a corporação ressaltou que todos os casos registrados nas delegacias são investigados para identificar os criminosos envolvidos em eventuais práticas de extorsão. A instituição solicitou, ainda, que as vítimas procurem uma unidade policial e registrem ocorrência, apresentando mais informações para identificação dos autores.
Suposto miliciano ameaça motociclista que faz transporte por aplicativo na Zona Oeste.
— Jornal O Dia (@jornalodia) July 26, 2023
Crédito: Redes Sociais#ODia pic.twitter.com/ue98OqZcbo
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