Operação no Complexo da Penha afetou o funcionamento de 16 escolasReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Os três primeiros dias do retorno às aulas no Rio foram marcados por uma série de operações policiais que impactaram diretamente o funcionamento de diversas escolas no município. Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação (SME) obtidos pelo DIA, entre segunda-feira (31) e esta quarta-feira (2), 39 unidades de ensino foram fechadas e cerca de 9.800 alunos das zonas Norte e Oeste ficaram sem aulas. Só no primeiro semestre, mais de dois mil colégios municipais já haviam sido fechados devido à violência.
Na segunda-feira (31), a Cidade de Deus foi a localidade atingida, com quatro escolas fechadas e 1.007 alunos privados do acesso à educação. Simultaneamente, no Complexo da Pedreira, outras quatro instituições de ensino foram afetadas, resultando em 1.582 alunos sem aula. A terça-feira (1º) trouxe mais preocupações, quando a SME relatou que 15 unidades escolares na região da Vila Kennedy foram diretamente impactadas pelas operações policiais, afetando mais de 4 mil alunos.
Já nesta quarta-feira (2) não foi diferente, e a região do Complexo da Penha enfrenta sérias consequências das ações policiais. Até o momento, 16 escolas foram afetadas, resultando em 3.220 alunos privados de educação. Ao DIA, o professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Hirata, relembrou uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Este ano tem sido mais conflituoso do que 2022. Temos confrontos entre milícias, facções, além das operações policiais ocorrendo de forma mais intensa. Importante lembrar que existe uma decisão do STF, que diz sobre a segurança eficaz nos perímetros escolares. Passado mais de um ano desta decisão, a pergunta que fica é: quais as providências que estão sendo construídas para resolver essa situação?", indagou Hirata.
O professor enfatizou a necessidade de uma política de segurança assertiva no Rio. "Além do acesso às escolas, a insegurança pública impacta outras dimensões da vida coletiva no Rio, como a saúde e a impossibilidade das pessoas de irem trabalhar: existe uma interrupção forçada na rotina. É importante que se construa uma política eficaz. Além de alunos sem aula, temos estatísticas alarmantes de jovens vítimas de bala perdida. Uma situação dramática", completou.
Dados alarmantes no primeiro semestre
Um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Educação (SME) revelou dados alarmantes referentes ao primeiro semestre deste ano. Foram registrados 2.129 fechamentos de escolas municipais por conta da constante violência armada que assola a cidade, representando um aumento de quase 100% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram registradas 1.078 unidades escolares fechadas.
Cerca de 160 mil alunos foram impactados em decorrência da violência armada em 2022, e 405 unidades tiveram, pelo menos, um dia letivo interrompido. Já nos seis primeiros meses deste ano, 163.386 jovens foram afetados e 500 escolas perderam um dia de aula.