Policiais realizaram operação na Cidade de Deus um dia depois da morte do adolescente, de 13 anosReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Fábio Silva, treinador de futebol do menino, de 13 anos, morto na noite deste domingo (6) durante ação policial na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, usou as redes sociais nesta segunda-feira (7) para pedir ajuda das autoridades em busca de evitar que policiais cheguem atirando na região. O adolescente morreu depois de ser baleado enquanto andava de moto por uma das ruas da comunidade.
O jovem participava do projeto social Canelinhas Futebol Clube, comandado por Fábio. No perfil do projeto, o treinador publicou um vídeo lamentando a morte do menino e cobrando Justiça pelo ocorrido. 
"Hoje (segunda), a Cidade de Deus e o projeto Canelinhas acordam de luto. Está sendo um dia muito triste na nossa comunidade porque ontem perdemos nosso aluno, que gostava de futebol, tinha um sonho e esse sonho foi interrompido. Pedimos para que as autoridades competentes venham a nos ajudar porque o que fizeram com essa criança foi uma covardia imensa. Precisamos de vocês autoridades competentes. Estamos passando por dificuldades dentro das nossas comunidades por excesso de violência dos policiais. Ninguém chega atirando em um condomínio de rico. Ninguém chega atirando na rua no centro da cidade, em Copacabana ou na Barra da Tijuca. Aqui na Cidade de Deus, os policiais já chegam atirando sem sequer saber quem é que eles vão acertar", disse.
O técnico ainda ressaltou que o projeto está de luto. Como forma de homenagem, um dos gols da quadra onde o Canelinhas treina recebeu uma faixa preta. 

"Hoje, para representar os gols que ele sempre fazia e reverenciava sua família, o gol tá de luto, está fechado. Hoje não vai ter gol. Alô autoridades! Vamos abrir os olhos para a covardia que estamos sofrendo dentro das nossas comunidades", completou.
Família acusa PMs de ter matado adolescente
Familiares do menino estiveram, na manhã desta segunda-feira (7), no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberação de seu corpo. Segundo o pintor Hamilton Menezes, a família teve acesso a uma câmera de segurança da região, cujas imagens mostrariam o momento em que um policial do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) atira contra o jovem.
"Ele estava passeando de moto com um amigo em uma das ruas da Cidade de Deus, onde foram abordados já a tiros. Uma bala pegou na perna do jovem e ele caiu. [Pelas imagens], dá para ver o T. M F. no chão ainda vivo e o policial vai lá e acaba de executar", contou o tio do rapaz.
O pintor afirmou que as imagens foram feitas por uma câmera de segurança de um borracheiro, que fica próximo ao local da morte. Mas, de acordo com Hamilton, os policiais conseguiram apagar o momento da suposta execução. "Com internet e Bluetooth, eles conseguiram, com o celular, ter acesso e apagar só a parte da execução. Mas a gente têm um minuto antes e um pouquinho depois: dá para ver o PM dando o último tiro para executar", relatou.
Além do tio, moradores, que estavam no local, afirmaram que os militares forjaram a cena da morte do adolescente. "Eles forjaram. Começaram a dar tiro para um mato por nada. Acho que para colocar provas no local do crime", acusou o pintor.
Em nota, a PM informou que uma equipe BPChq estava realizando um patrulhamento na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com a Rua Geremias, quando dois homens em uma moto atiraram contra os militares. O jovem, de 13 anos, foi acertado por um dos disparos e morreu no local. A área foi isolada para que a Polícia Civil realizasse a perícia.
Segundo a corporação, os policiais que participaram da ação não usavam câmeras acopladas em seus uniformes. A corregedoria abriu um procedimento interno para apurar o caso. As armas dos agentes foram apreendidas e a DHC investiga o caso.
Ainda não há informações sobre o sepultamento do menino.