Enterro do menino Thiago, morto por policiais na Cidade de Deus velório no cemitério da Pechincha na Zona Oeste do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (08).Pedro Ivo/Agência O Dia
Família de menino morto na Cidade de Deus comparece à delegacia para prestar depoimento
Os parentes serão ouvidos na DHC da Barra da Tijuca; no próximo sábado (12), será realizada a 'Passeata da Paz'
Rio - Nathaly Flausino, Priscila Menezes e Diogo Flausino, todos familiares do adolescente, de 13 anos, morto durante uma operação na Cidade de Deus, se apresentaram, nesta quinta-feira (10), na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Segundo a tia do jovem, Nathaly Flausino, os familiares foram ouvidos pelo delegado responsável do caso. Após denúncias de que uma câmera de segurança, que filmou a ação policial no local onde T. M. F. morreu, teve partes cortadas, a Polícia Civil iniciou uma investigação.
Em nota, a polícia informou que as diligências estão em andamento na DHC e que os agentes estão analisando imagens, além de estarem buscando outras câmeras na região. "As armas dos policiais militares envolvidos na ação foram apreendidas e testemunhas estão sendo ouvidas para elucidar a morte", disse a nota. A Polícia Militar (PM) também instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias do episódio.
Nesta terça-feira (8), a PM retirou do ar uma postagem que criminalizava o menino, de 13 anos. A exclusão aconteceu após a Defensoria Pública do Rio (DPRJ) entrar com uma ação judicial. Segundo a PM, a postagem no Twitter oficial da corporação é feita a partir das informações preliminares passadas pelos policiais que participaram da ação.
No entanto, o comando da corporação decidiu retirar a publicação, pois entendeu que o caso está sob análise e investigação. O post, feito às 5h44 desta segunda-feira (7), afirmava que "um criminoso [havia ficado] ferido ao entrar em confronto". Mais de um milhão de pessoas viram a postagem.
Sob forte comoção, T. M. F. foi enterrado, também nesta terça-feira (8), no Cemitério da Pechincha. O caixão ficou coberto por desenhos e recados escritos por colegas do rapaz, além de camisetas de futebol. Alguns dos presentes levaram balões e flores brancas. Abalados, Diogo Flausino e Priscila Menezes, pais do menino, se emocionaram durante a cerimônia. Diogo, inclusive, mostrou as feridas causadas por balas de borracha disparadas pelos policiais durante uma manifestação que fizeram após a morte do rapaz.
Passeata da Paz
Familiares e amigos do jovem morto também estão promovendo, para o próximo sábado (12), a "Passeata da Paz". A manifestação, que pedirá por justiça, será realizada na Praça da Cidade de Deus, na Zona Oeste, às 15h.
Ao DIA, Nathaly Flausino explicou sobre o objetivo da passeata. "Será um ato pacífico e soltaremos balões brancos. Queremos paz para todas as comunidades. Queremos que o T. M. F. seja o último", disse.
Com roupas brancas, os manifestante também levarão balões brancos de gás hélio, como uma forma de súplica pela paz. No convite para a passeata, os familiares colocaram a foto do jovem e escreveram: "te amamos".
Relembre o caso
T. M. F., de 13 anos, foi baleado por policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) durante uma operação, na madrugada desta segunda-feira (7), na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio.
Segundo o pintor Hamilton Menezes, tio do rapaz, a família teve acesso a uma câmera de segurança da região, cujas imagens mostrariam o momento em que um policial do BPChq atira contra o jovem. "Ele estava passeando de moto com um amigo em uma das ruas da Cidade de Deus, onde foram abordados já a tiros. Uma bala pegou na perna do jovem e ele caiu. [Pelas imagens], dá para ver o T. M F. no chão, ainda vivo, e o policial vai lá e acaba de executar".
Após o trágico episódio, a DPRJ, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e o Ministério Público do Rio (MPRJ) estão investigando e cobrando as autoridades responsáveis sobre esclarecimentos da morte.
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