Popularização do cigarro eletrônico preocupa profissionais da saúdeDivulgação / Prefeitura do Rio

Rio- No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado nesta terça-feira (29), a Prefeitura do Rio chama atenção para o aumento nas buscas para tratar o vício. Apenas nos primeiros quatro meses de 2023, mais de 1,7 mil novos pacientes foram cadastrados no programa municipal de tabagismo.
Jorge Martins é comerciante e começou a fumar aos 13 anos de idade. Aos 55 resolveu se livrar do vício e, agora, aos 60, afirma que tudo mudou em sua vida.
“Minha alimentação está ótima. Hoje, sou capaz de sentir o sabor da comida e minha casa não fede mais a cigarro. Também posso falar que abandonar a nicotina me trouxe um avanço financeiro, eu economizei bastante.”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a doença é considerada pediátrica. Da mesma maneira, dados do Ministério da Saúde confirmam que a experimentação do cigarro entre os adolescentes brasileiros ocorre em torno dos 16 anos, tanto para meninos quanto para meninas. 
Nessa faixa etária a busca pelo tratamento também é menor. De acordo com a coordenação do Programa de Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde, entre os mais de 1,7 mil novos fumantes que buscaram auxílio nas clínicas da família e centros municipais de saúde, entre janeiro e abril desse ano, apenas 111 tinham entre 18 e 29 anos.
A explosão e os riscos do cigarro eletrônico
A Prefeitura do Rio aponta que o aumento no consumo de nicotina nesta faixa etária está relacionado à influência dos novos produtos ofertados pela indústria como cigarro eletrônico, vape, pen drive e tabaco aquecido. 
Chamados de DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar) os aparelhos tem um teor de nicotina superior ao do cigarro tradicional, além de conter aditivos como açúcares e conservantes. A pneumologista e presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, afirma que os cigarros eletrônicos são uma regressão para o Brasil que conseguiu reduzir o número de dependentes do tabaco de 35% para 9,1%
"Hoje nós estamos criando essa legião de dependentes de algo muito mais grave, porque o cigarro eletrônico ele tem na sua constituição não apenas nicotina, mas várias substância como metais pesados e substâncias cancerígenas. O que vai aumentar a incidência de câncer de pulmão em gente jovem, porque quem está fumando cigarro eletrônico é menina, criança, adolescente."
A Anvisa proíbe a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar no Brasil, baseado em um estudo publicado pelo Instituto Nacional do Câncer em 2016.
No documento os pesquisadores explicam que a temperatura de vaporização pode atingir até 350º C. Suficiente para induzir reações químicas e mudanças físicas nos compostos chamados e-liquids, formando outras substâncias potencialmente tóxicas.
Ainda de acordo com o INCA Estudos demonstraram que jovens que usam cigarros eletrônicos são menos propensos a parar de fumar. Já os adultos fumantes que usam DEFs têm alta tendência à dupla utilização (cigarros eletrônicos e cigarros regulares), tornando-se ainda mais vulneráveis aos problemas de saúde.
O tratamento contra o tabagismo é oferecido de forma gratuita pela Prefeitura do Rio. Para se inscrever é preciso agendar uma entrevista em uma das unidades de saúde do município. Também é preciso apresentar documento de identidade, além de comprovante de residência ou de local de trabalho.
 
*Estagiária Bruna Bittar, sob supervisão de Iuri Corsini