Instituições de ensino e moradores ainda sofrem com impacto da paralisação da ETA GuanduPedro Ivo/ Agência O Dia

Rio - O impacto no abastecimento de água provocado pela paralisação da Estação de Tratamento (ETA) Guandu afetou diversas instituições de ensino, nesta terça-feira (29). O funcionamento foi interrompido na segunda-feira (28), por conta da presença de surfactantes - composto presente em detergentes -, que provocou uma espuma branca no Rio Guandu. Apesar da operação ter sido totalmente retomada na madrugada de hoje, a situação nas torneiras dos municípios do Rio e da Baixada Fluminense atendidos pelo sistema pode levar até 72 horas para ser normalizada. 
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), na segunda-feira, apesar do abastecimento ter sido afetado em diversos pontos da cidade do Rio, as unidades de ensino funcionaram normalmente. Já nesta terça, por conta do tempo necessário para a normalização completa, 34 escolas da rede acabaram impactadas, sendo oito delas fechadas e 26 em funcionamento parcial. Na rede estadual, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que o Colégio Rodrigo Otávio Filho, em Vaz Lobo, na Zona Norte, terá aulas em horário parcial. 
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou um comunicado informando que, devido à perspectiva de retorno gradual do abastecimento na capital e na Baixada Fluminense, a Reitoria decidiu pela suspensão das aulas nas unidades do Rio e de Duque de Caxias. A Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio) também não terá atividades em todos os campi, nos turnos da tarde e noite. "Apenas os procedimentos de heteroidentificação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), agendados para hoje e amanhã, estão mantidos". 
Procuradas, a Universidade do Estado do Rio (UERJ) disse que, até então, "não foi impactada pela interrupção, assim não houve suspensão de qualquer atividade", e a Universidade Federal Rural (UFRRJ) esclareceu que, até o momento, não ocorreu alteração no calendário acadêmico.
Nas redes sociais, moradores de municípios da Baixada Fluminense ainda se queixam da falta da água. "Morando em Nova Iguaçu, abastecido pelo Rio Guandu, perto da ETA. População daqui só queria tomar água", comentou um. "Em Duque de Caxias vai voltar quando a água? Porque normalmente já ficamos a semana inteira sem água e só cai mesmo domingo e segunda, e estamos sem água nenhuma", questionou outro. "Belford Roxo, bairro Santa Amélia sem água", "Belford Roxo já está há dois dias sem água", lamentaram moradores da região. "São João de Meriti ainda sem água em alguns bairros", disse mais um.
A situação também foi relatada por moradores das zonas Norte e Oeste do Rio. "Em Ramos a água não chegou", afirmou uma pessoa. "Estamos sem água em Piedade", disse outro. "Irajá sem água, que delícia hein", ironizou mais um. "Cadê a água em Campo Grande? Estamos pertinho do Guandu, já era pra ter voltado! Liga essas bombas", pediu. "Jacarepaguá está todo sem um pingo de água", contou um internauta. "Aqui no Recreio ainda sem água", apontou mais um. "Está faltando água no bairro do Itanhangá".
Há ainda relatos de que a água que sai das torneiras das casas da capital fluminense e da Baixada estão com odor e coloração incomum. "Água em Bangu não acabou, porém com forte odor de cloro", contou um morador. "Na Taquara já chegou a água, mas está com um cheiro diferente e esbranquiçada", disse outro. "Água um pouco escura na minha casa em Mesquita, mas o fornecimento está normal", relatou mais um. "Finalmente a água voltou em Caxias, está turva e espumando, mas sem cheiro". Em Del Castilho, uma moradora registrou a situação em sua casa. Confira abaixo.
De acordo com a Cedae, a água com surfactante não foi, em momento algum, distribuída para a população, já que assim que foi constatada a presença do composto, a captação foi interrompida, e a que já estava no interior da estação, descartada. A água que ainda chega nas casas está dentro dos padrões de potabilidade e é segura para consumo. A operação na ETA é responsável por 80% da água potável da capital e Região Metropolitana e a interrupção afetou 11 milhões de pessoas das cidades do Rio, Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaguaí, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti.
Segundo a Águas do Rio, com o processo de normalização acontecendo de forma gradual, ainda há falta d'água em diversos pontos da região sob influência da ETA, que compreende mais de 300 bairros e sub-bairros das cidades do Rio, Nova Iguaçu, Nilópolis, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Queimados e Mesquita, principalmente pontas de rede e áreas mais elevadas. Confira a nota na íntegra ao final.
A Rio+Saneamento informou que voltou a abastecer, desde o final da noite de ontem, os 21 bairros da Zona Oeste atendidos pela empresa, mas algumas localidades ainda podem sentir o impacto. "A concessionária orienta aos consumidores que utilizem água de forma consciente e adiem tarefas não essenciais ou que exijam grande consumo de água até a efetiva normalização do sistema". Confira a nota na íntegra ao final.
Em nota, a Iguá disse que após o restabelecimentoda ETA Guandu, o fornecimento de água começou a ser gradativamente retomado na madrugada desta terça-feira, mas os 18 bairros da capital fluminense atendidos por ela ainda sofrem impacto. A empresa esclareceu que, até que a operação seja totalmente reestabelecida, pode haver intercorrências, incluindo baixa pressão e falta d’água. "A concessionária reforça a necessidade de consumo consciente da água durante esse período (...) A Iguá lamenta quaisquer transtornos causados e, caso necessário, disponibilizará caminhões-pipa para locais emergenciais como hospitais, clínicas e UPAs, entre outros". Confira a íntegra ao final.
A Polícia Civil e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) tentam identificar a origem do descarte do surfactante. "A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) realizou operação para apurar lançamento indevido de material químico na bacia do Rio Guandu, em parceria com o Inea. Foram colhidas amostras, que serão analisadas. Diligências estão em andamento para identificar a origem do material", informou a nota. 
Segundo o presidente do Inea, Philipe Campello, o lançamento do composto é tratado como crime ambientel e, caso tenha sido feito por uma empresa licenciada, configura dupla inconformidade, já que tendo sido intencional ou não, deveria ter sido comunicado ao órgão, o que não aconteceu. O Ministério Público do Rio (MPRJ) oficiou o Instituto, a Cedae, o Comitê das Bacias Hidrográficas do Guandu, a Agenersa e a DPMA para prestarem informações sobre o ocorrido. Os órgãos e entidades têm o prazo de 24 horas para prestarem as devidas informações.
Nota da Águas do Rio
"Como a retomada do abastecimento foi iniciada na noite desta segunda-feira e o processo de normalização ocorre de forma gradual, podendo levar até 72h, ainda há falta d'água em diversos pontos da região sob influência da ETA Guandu, principalmente pontas de rede e áreas mais elevadas.
Área de influência do Sistema Guandu nas áreas de atuação da Águas do Rio: Capital e Baixada Fluminense (Nova Iguaçu, Nilópolis, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Queimados e Mesquita). São quase 300 bairros/sub-bairros."
Nota da Rio + Saneamento
"A Rio+Saneamento informa que voltou a abastecer, desde o final da noite de ontem, os 21 bairros atendidos pela concessionária. No entanto, a empresa esclarece que algumas localidades ainda podem sentir o impacto. A previsão para a regularização total é de até 72 horas após o retorno do abastecimento. A concessionária orienta aos consumidores que utilizem água de forma consciente e adiem tarefas não essenciais ou que exijam grande consumo de água até a efetiva normalização do sistema."
Nota da Iguá
"A Iguá informa que, após a Cedae iniciar na noite desta segunda-feira (28/08) o restabelecimento do sistema da ETA Guandu, o fornecimento de água para as áreas atendidas pela concessionária no município do Rio de Janeiro começou a ser gradativamente retomado na madrugada desta terça-feira. O abastecimento ainda sofre impacto em todos os 18 bairros atendidos pela Iguá e a previsão é de que seja restabelecido em até 72 horas após a normalização do fornecimento, conforme o tempo de pressurização das redes e as características do sistema em cada localidade. A concessionária reforça a necessidade de consumo consciente da água durante esse período.

De acordo com a Cedae, a produção de água foi retomada de forma gradativa e a ETA Guandu voltou a operar com 100% da capacidade às 4h17 desta terça-feira (29/8). A operação na unidade havia sido interrompida no início da manhã de segunda-feira, após técnicos identificarem a presença de grande volume de surfactantes (composto presente nos detergentes) no Rio Guandu.

Ainda segundo a empresa, a produção só foi reiniciada após técnicos da unidade confirmarem, por meio de monitoramento e análises laboratoriais, que não havia risco de alterações na qualidade da água tratada. A Cedae informa que a água com surfactante não foi, em momento algum, distribuída para a população.

A Iguá esclarece que, até que a operação seja totalmente reestabelecida, o abastecimento de água pode registrar intercorrências, incluindo baixa pressão e falta d’água. A concessionária manterá seus clientes informados em seus canais oficiais e perfil em rede social (@iguasaneamentorj).

A Iguá lamenta quaisquer transtornos causados e, caso necessário, disponibilizará caminhões-pipa para locais emergenciais como hospitais, clínicas e UPAs, entre outros. A companhia permanece à disposição dos clientes por meio da Central de Atendimento no número 0800 400 0509 (telefone e WhatsApp).

Bairros atendidos pela Iguá no Rio de Janeiro: Anil, Barra da Tijuca, Camorim, Cidade de Deus, Curicica, Freguesia (Jacarepaguá), Gardênia Azul, Grumari, Itanhangá, Jacarepaguá, Joá, Pechincha, Recreio dos Bandeirantes, Tanque, Taquara, Vargem Grande, Vargem Pequena e Praça Seca (parcialmente)."