William Silva é o pai da meninaReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Uma testemunha que estava no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada, quando a menina H. S. S, de 3 anos, foi baleada na noite de quinta-feira (7) por um policial rodoviário federal afirmou que o carro onde estava a vítima não tentou fugir da abordagem da viatura antes dos tiros. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ela também não menciona nenhum outro disparo antes da criança ser atingida.

"Federal (PRF) acabou de acertar a filha de alguém no carro ali 'mano'. Isso que dá Federal incapacitada, saíram atirando no carro", disse em um trecho.
A testemunha, em entrevista à CBN, disse ainda que estava próxima ao carro da família no Arco Metropolitano e que o pai da menina não fugiu de nenhuma abordagem. "Eles estavam vindo e a Federal estava lá atrás, não estavam nem perto do carro. Eu estava vindo de boa, mas eu vi a Federal vindo, só que eles não ligaram a luz, nem nada, mas eu vi que era o carro deles porque eu tinha passado por eles. E quando foi chegando mais perto, eu fui, joguei para a pista do canto e eles ligaram só a sirene, que fez só um barulhinho que eu nem ouvi direito. Pensei: Será que estão mandando o carro parar? Até então acho que a família continuou andando de boa. Mas eles chegaram mais perto do carro. A família antes de encostar para o canto, não correu, não acelerou, nem nada. Eles deram uns sete tiros no carro", disse.
Em depoimento, o policial que atingiu a menina informou que atirou apenas após ouvir disparos vindos da direção do veículo. Segundo o agente, ele e dois colegas começaram a perseguir o veículo depois que foi constatado que o carro era produto de um roubo. Ele disse ainda que depois de 10 segundos atrás do carro, os policiais escutaram um som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura. O PRF admitiu ainda que atirou três vezes com um fuzil calibre 556 na direção do carro onde a criança estava com a família, pois a situação o fez supor que o disparo havia sido feito do veículo.

Em relação à denúncia de roubo, o pai da menina, William Silva, relatou que o então proprietário, que ainda tem seu nome no documento, teria apresentado o recibo de compra e venda do veículo (CRV) no processo da compra do carro. O vendedor do automóvel teria realizado uma consulta da placa no sistema do Detran e enviado a ele, portanto, não imaginava que havia registro de roubo ao veículo no ano anterior. Ele alega ainda que não houve tentativa de abordagem antes dos disparos.
A menina permanece internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.  Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, neste sábado (9), a vítima continua entubada e seu quadro é considerado grave. 
Ela deu entrada na unidade de saúde com perfuração em região cervical esquerda, além da lesão no couro cabeludo, região occipital esquerda amolecida. A paciente foi avaliada pelas equipes de cirurgia pediátrica, neurocirurgia e pediatria, com realização de exames de imagem e laboratório, e encaminhada para o centro cirúrgico. Aos familiares, os profissionais afirmaram que o procedimento foi bem-sucedido.