Matheus Santos da Silva, que esfaqueou e matou Vitorya Melissa, em Niterói, foi à juri popular nesta quinta-feira (21)Pedro Ivo / Agência O Dia

Rio - Matheus dos Santos da Silva, acusado de matar a facadas Vitorya Melissa Mota, de 22 anos, em junho de 2021, dentro do Plaza Shopping, em Niterói, passa por júri popular nesta quinta-feira (21). O julgamento teve início às 13h30 no Tribunal do Júri de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ele é réu pelo crime de feminicídio. 
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o crime foi praticado por motivo torpe, meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Ao todo, o Júri Popular espera ouvir 13 testemunhas, entre elas estão médicos que atestaram a sanidade mental de Matheus. A mãe da vítima, Márcia Maria Mota, é assistente de acusação no processo.
Amigos de Vitorya compareceram ao Tribunal para acompanhar o resultado final do julgamento. Em busca de Justiça, um grupo de amigas vestiram uma camisa personalizada com o nome da vítima em homenagem à ela.

A primeira testemunha a ser interrogada pela assistência de defesa foi a médica psiquiatra forense Sandra Greenhalgh. Ela afirma que Matheus tem transtorno psicótico e que no momento do crime "não sabia do ato em si e não conseguiu se segurar". A médica é responsável pelo primeiro laudo que indicava que o jovem era "inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito” do crime que cometeu. À época, o documento foi contestado pela mãe da vítima e também por um segundo laudo. Segundo a mãe, Matheus era sim capaz de compreender o que fazia. Já o outro laudo atestou que Matheus premeditou o crime, por ter comprado uma faca momentos antes do feminicídio.
Além da médica, outros três médicos já foram ouvidos pelos júri. O médico psiquiatra Carlos Roberto Alves de Paiva e a terapeuta ocupacional Mônica Barros de Dutra, ambos do Instituto de Perícias Heitor Carrilho. Em depoimento, o médico psiquiatra leu a declaração de Matheus ao relatar como praticou o homicídio. Segundo Matheus, em atendimento médico, o que motivou o crime foi o fato da vítima falar que iria deletá-lo das suas redes sociais e que não queria mais contato com ele. Ainda segundo o réu, Vitorya Melissa teria dito que ela "não resolveria os problemas dele". Para o especialista, Matheus estava consciente quando esfaqueou a jovem. O médico perito Sami Abder também foi ouvido. Ele concorda com o laudo apresentado pela defesa do réu.
Colega e família prestam depoimento
A colega de curso de Matheus e Victorya, Ana Franciane foi a quinta testemunha a ser ouvida. Diante do júri, a jovem disse que a vítima queria se afastar de Matheus por não corresponder aos sentimentos dele. Ainda segundo ela, o réu estava ansioso no dia do crime, mas que não imaginou que ele faria algo contra a colega.
A tia materna do réu, Maria da Paz dos Santos, foi a sexta testemunha. Ela disse ao promotor do Ministério Público que passou a ter medo do sobrinho por conta do comportamento dele. Maria da Paz também descreveu o criminoso como um jovem quieto e sem amigos. Por último, o júri ouviu o irmão mais velho de Matheus, Douglas dos Santos da Silva. Segundo o irmão, Matheus demonstrou a personalidade mais contida já no início da adolescência. 
O Júri Popular de Matheus estava previsto para acontecer no ano passado, mas foi adiado após a juíza responsável pelo caso, Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, solicitar perícia médica para avaliar as capacidades mentais do criminoso.

Relembre o caso

Vitorya e Matheus eram colegas de turma em um curso técnico de enfermagem, mas o acusado nutria interesse romântico não correspondido pela vítima. Os investigadores também confirmaram que a faca usada pelo acusado no assassinato foi comprada em uma loja do Plaza Shopping, momentos antes do crime.

No dia do crime, Matheus teria seguido a vítima até a praça de alimentação do local e sentado na mesma mesa que ela. Enquanto os dois conversavam, ele retira a faca da mochila e começa a golpear Vitorya, impedindo que ela se defenda. A cena foi registrada por câmeras de segurança do shopping.

O acusado só parou de esfaquear a vítima no momento em que uma testemunha o conteve e imobilizou até a chegada dos seguranças do shopping e da polícia.