Davi Souza Miranda foi preso na Tijuca, enquanto tentava fugirReprodução

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) converteu em preventiva a prisão de David de Souza Miranda em audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (25). Ele foi preso em flagrante no sábado (23), acusado de matar a filha e a sobrinha a marteladas e queimar os corpos. A ex-cunhada, que acompanhava as meninas, foi torturada e queimada, mas sobreviveu e está em estado grave no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. O crime aconteceu na noite de sexta (22) e é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Na decisão, a juíza Rachel Assad considerou que testemunhas do caso ainda vão prestar depoimento e que a filha de David, uma adolescente de 13 anos, é testemunha ocular do crime e disse sentir "temor" do pai. "As testemunhas ainda não foram ouvidas, fazendo-se necessário resguardar a instrução processual, em especial porque se trata de crime de homicídio, que impacta diretamente nas pessoas envolvidas ou que tenham presenciado os fatos", escreveu.
Ainda na decisão, a magistrada citou a frieza e desequilíbrio emocional do acusado. De acordo com o depoimento da adolescente, uma das crianças teria dito antes de morrer: "Pai não faz isso, não pai, pelo amor de Deus, pai", tendo ouvido novos barulhos de marretada na sequência. "A frieza e desequilíbrio emocional do custodiado, apontados pela própria dinâmica dos fatos, é fator que pode contribuir para que as testemunhas se sintam constrangidas para prestar depoimento sabendo que o autor de um crime de tamanha gravidade estará solto no mesmo ambiente", informa um trecho da decisão. 
A defesa de David solicitou a soltura alegando que o homem teria sido agredido por um policial civil a caminho da DHC. No entanto, a falta de provas pesou pela conversão da prisão.
Relembre o caso
Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, torturada e queimada pelo ex-namorado da irmã Nayla Albuquerque, de 23 anos, havia levado a sobrinha Luiza, de 5 anos, para ver o pai, na companhia de sua filha, Ana Beatriz, de 4, em Senador Camará, na Zona Oeste. Ao chegarem no local, David amarrou a vítima e a torturou. Depois, deu marteladas nas duas meninas. Por fim, ele ateou fogo na casa e fugiu em um carro.
A mulher conseguiu se soltar e levou as crianças até o portão, quando foi socorrida por vizinhos, que acionaram a Polícia Militar.

Luiza e Natasha foram encaminhadas ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. No entanto, a menina morreu ao dar entrada na unidade. Já Ana Beatriz foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde já chegou sem vida. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), as crianças morreram por traumatismo craniano.

De acordo com a Polícia Civil, David dirigiu do local do crime até cair com o carro na linha férrea na altura da Mangueira, na Zona Norte da cidade. Moradores da região foram ao local do acidente e viram um celular tocando no meio do mato. Uma pessoa que atendeu foi informada de que o suspeito havia acabado de matar duas crianças e então a polícia foi acionada. O homem fugiu a pé do local do acidente e foi capturado por policiais do Segurança Presente na Rua Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte.

David foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelas investigações, e, em seguida, foi encaminhado para o sistema prisional.
David estava separado de Nayla há um mês. Os dois tiveram um relacionamento que durou nove anos e moraram juntos até a separação. Segundo familiares das vítimas, o criminoso era um homem controlador, mas não demonstrava isso para a família da mãe de Luiza. Segundo relatos, a jovem não podia ter celular, amigos e nem acesso a redes sociais. O relacionamento acabou quando a mãe de Luiza fugiu, registrou um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra David por violência doméstica. Porém, ele ainda tinha o direito de ver a filha uma vez por semana.