Rio - Após 35 anos de história, a Livraria Carga Nobre, da PUC-Rio, anunciou que vai fechar as portas em dezembro. Segundo a universidade, a procura online de exemplares afetou as atividades da loja física no campus. Com este fechamento, o Rio de Janeiro perde mais uma tradicional livraria, como a Galileu, na Tijuca, Zona Norte, que encerrou as atividades depois de 31 anos.
A Carga Nobre seria fechada em julho, mas a PUC prorrogou para que o proprietário tentasse vender seus exemplares. A rede Mega Matte chegou a incluir a marca na livraria para tentar alavancar as vendas, mas também não deu certo.
De acordo com Luiz Torres, assessor de planejamento da PUC-Rio, o incentivo à cultura por meio das livrarias precisa ser repensado. "O ramo de livrarias é um braço de fomento à cultura que está passando por uma grande crise e precisa ser repensado. A venda de livros online afetou o negócio em si e isso gerou impacto também na Carga Nobre. Nesse sentido, a PUC pretende buscar e avaliar propostas, em um modelo diferente do atual, que atenda as necessidades da comunidade e consiga responder e se adaptar também as demandas próprias do tempo. Mas o campus não ficará sem esse serviço", afirmou Luiz.
Torres também comentou que a crise na Carga Nobre já acontece há anos. "Em período pré-pandêmico, a Carga Nobre já enfrentava dificuldades de vendas, tendo sido necessária a autorização da PUC para a abertura de uma lanchonete em metade da área ocupada para a manutenção do seu funcionamento. Esse modelo se mostrou insustentável com o retorno das atividades presenciais e a crescente crise do ramo de livrarias. Aliás, a renda dos aluguéis dos espaços da PUC são destinados para o custeio de alimentação e transporte dos alunos carentes", concluiu.
Em janeiro, a Livraria Galileu, com 31 anos de história, também fechou em razão do impacto das lojas virtuais. O fechamento foi motivo de tristeza para moradores da Tijuca. Carlos Rodrigues, de 78 anos, que mora no bairro há 24, contou emocionado que a casa deixará saudades.
"Quando eu vim para a Tijuca, eu fiquei contente que vi a Galileu. Parece que o tempo passou depressa. Sempre frequentei e comprei muitos livros pro meu neto. Foi uma surpresa pra mim ter fechado. Era uma excelente livraria e é muito ruim isso. Vai dar saudade", disse Carlos, à época.
Livraria da FGV também fechou
Em março, a livraria da Fundação Getulio Vargas (FGV), na Praia de Botafogo, Zona Sul do Rio, também fechou e deu espaço para uma galeria de arte, que reúnes obras, quadros, esculturas e seminários. Fundada em 1954, a livraria possuía um extenso acervo de livros da Editora FGV, que decidiu seguir com as vendas online.
A FGV Arte, que entrou no lugar da livraria, é um espaço voltado à valorização e experimentação artística e a debates contemporâneos em torno da arte e da cultura. A iniciativa prevê ainda seminários, oficinas metodológicas e cursos práticos de formação para as artes.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Raphael Perucci
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