Vereador do PL sofreu tentativa de assalto próximo à sua casaDivulgação/Câmara Mun. São Gonçalo
Publicado 08/11/2023 07:16 | Atualizado 10/11/2023 16:08
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Rio - O vereador Aldecyr Maldonado (PL), de 61 anos, foi morto a tiros, na noite desta terça-feira (7), quando chegava em casa, no Porto da Madama, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A informação foi divulgada pelo perfil oficial do parlamentar, que disse que ele sofreu uma tentativa de assalto. O ataque aconteceu por volta das 23h e a vítima estava com dois assessores, que não se feriram.
De acordo com a prévia da PM, os dois assessores haviam deixado o vereador em casa e testemunharam um roubo a uma moto. A dupla, então, ficou com medo de que os assaltantes roubassem o carro e se esconderam em uma casa na mesma rua. Eles ligaram e avisaram Cici, que saiu da residência armado para checar a situação. Nesse momento, teria acontecido uma troca de tiros e o parlamentar foi atingido na cabeça.
Cici Maldonado chegou a ser socorrido para o Pronto Socorro Central, no bairro Zé Garoto, mas não resistiu aos ferimentos. "Informamos que na noite de hoje, o nosso amigo vereador Cici Maldonado nos deixou de uma forma prematura, fruto de uma tentativa de assalto, aonde ceifaram a vida do homem que amava São Gonçalo e doou grande parte da sua vida para ajudar as pessoas", diz o comunicado.
Segundo a Polícia Militar, equipes foram acionadas para a Rua Antenor Martins, onde foram informadas que uma vítima baleada foi levada para o Pronto Socorro Central de São Gonçalo. Segundo a prefeitura, o vereador deu entrada na unidade de saúde no fim da noite de ontem, após uma suposta tentativa de assalto, chegou a ser levado para a sala vermelha, mas acabou morrendo. A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) investiga o caso. A perícia foi realizada no local e testemunhas ouvidas. "Diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime". 
Na manhã desta quarta-feira (8), familiares da vítima estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó para liberar o corpo. Segundo o genro, Cici não se queixava de receber ameaças e era muito querido por amigos e parentes. "A ficha ainda não caiu, porque ele é muito querido, ele é muito amigo. Ele acolhia todo mundo, todo mundo para ele era filho, todo mundo era amigo, todo mundo era da família e ele tratava as pessoas assim. Então, é difícil acreditar no que aconteceu, para mim a ficha não caiu. Ele estava tranquilo, inclusive, recentemente viajou com minha esposa, recentemente saímos juntos", disse Joel Gama. 
O prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, e o presidente da Câmara Municipal de São Gonçalo, vereador Alécio Breda Dias (MDB), decretaram luto oficial de três dias. "A prefeitura lamenta profundamente a morte do vereador, que deixa um legado de trabalho pela população gonçalense, e presta toda a solidariedade à família e amigos". 
"É com profundo pesar que a Câmara Municipal de São Gonçalo vem em nome de todos vereadores, servidores e assessores da Casa se solidarizar com familiares, amigos e eleitores pelo falecimento do vereador Cici Maldonado (...) São Gonçalo perde um grande cidadão, amigo, batalhador, íntegro, que cumpriu seus deveres e deixará eterna saudade. Não temos mais palavras para expressar todos os nossos sentimentos, pedimos a Deus que conforte os corações dos familiares e amigos neste momento de dor", afirma a nota da Câmara. 
O Partido Liberal também divulgou uma nota de pesar e pediu rigor nas investigações. "Cici dedicou sua vida ao progresso da cidade de São Gonçalo e à melhoria da qualidade de vida da população. Neste momento difícil, unimo-nos em solidariedade à família de Cici e aos amigos que compartilharam sua jornada. Pedimos às autoridades que conduzam uma investigação minuciosa e célere para esclarecer as circunstâncias de sua morte, buscando justiça", diz a publicação. 
O vereador era presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, vice-presidente da Comissão de Justiça e Redação, além de membro da Comissão de Defesa Civil. Aldecyr deixa esposa, com quem era casado há 36 anos, e três filhas. O velório do parlamentar acontece a partir das 11h desta quarta-feira, na Igreja Batista de Porto da Madama, onde haverá um culto fúnebre às 13h, e o sepultamento está previsto para às 16h, no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco. 
Ataques a políticos no Grande Rio
Há menos de duas semanas, o pré-candidato a vereador Clayton Damasceno Pereira, de 45 anos, e sua secretária e militante Paula Ribeiro Menezes Costa, 65, foram mortos a tiros, na Rua Olímpia Silva, no bairro Inconfidência, em Queimados, na Baixada Fluminense. O crime aconteceu na noite de 28 de outubro, quando as vítimas estavam em uma sorveteria e dois homens em uma motocicleta passaram pelo local, um deles desceu do veículo e atirou contra a dupla. A ação durou cerca de cinco segundos e os criminosos fugiram em seguida, acompanhados de outra motocicleta, com mais dois suspeitos. 
Clayton tinha forte atuação no cenário político de Queimados e pretendia disputar a eleição para vereador na cidade no próximo ano. Ele era amigo do prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos). Já Paula era bastante requisitada pelos políticos para liderar campanhas de "corpo a corpo" com a população e também denunciava irregularidades que feriam os direitos dos moradores da Baixada. A militante estava presente em quase todos os conselhos políticos. A dupla trabalha junta há quatro meses. 
Em 1º de outubro, a deputada Lucinha (PSD) estava em um sítio no Rio da Prata, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, quando homens armados invadiram o local e renderam seus seguranças. O grupo estaria fugindo de uma comunidade que fica próximo ao espaço de eventos. Após a abordagem, a parlamentar foi obrigada a levar os criminosos no seu próprio veículo, um carro oficial da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em direção à comunidade da Vila Kennedy. Ao chegar ao local, ela foi libertada pelos bandidos, e o carro encontrado pouco depois pela PM. Nesta quarta-feira, um dos suspeitos pelo crime preso.
Em 29 de agosto, o ex-candidato a vereador Valdecir Ramario da Silva, de 50 anos, foi morto a tiros, na Rua Tibiricá, no bairro do Monjolos, em São Gonçalo. Segundo relatos, suspeitos teriam feito cerca de 40 disparos e ele foi encontrado dentro de um veículo com marcas dos tiros no corpo. A vítima era comerciante e concorreu ao cargo nas eleições municipais de Itaboraí, na Região Metropolitana, em 2020, pelo Partido Social Cristão (PSC), mas não foi eleito. 
No dia 25 do mesmo mês, a família do vereador do Rio Marcelo Diniz (Solidariedade) foi alvo de um ataque a tiros. Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que criminosos fortemente armados atiraram contra sua casa, na comunidade da Muzema, no Itanhangá, Zona Oeste. O caso aconteceu quando o pai, a mãe e mais dois amigos estavam no imóvel, mas o parlamentar estava em uma agenda externa. No atentado, um funcionário da prefeitura acabou baleado na perna.
Em 7 de agosto, o ex-vereador Jair Barbosa Tavares, de 53 anos, conhecido como Zico Bacana, e seu irmão, Jorge Barbosa Tavares, foram mortos a tiros, quando estavam em uma padaria da Rua Eneas Martins, esquina com a Francisco Portela, em Guadalupe, na Zona Norte. Suspeitos em um veículo fizeram pelo menos 30 disparos e o garçom Marlon Correia dos Santos, 35, que passava pelo local, também acabou morrendo. A família acusou o Comando Vermelho (CV) pelas mortes, já que Guadalupe é um dos bairros onde fica o Complexo do Chapadão, palco de conflitos entre integrantes da facção e do Terceiro Comando Puro (TCP) pelo controle territorial.
Zico Bacana era ex-policial militar e foi citado na CPI das Milícias, em 2008, por uma possível ligação com milicianos que atuavam na região. O ex-parlamentar chegou a ser ouvido como testemunha no processo que investiga o assassinato de Marielle Franco. O político já havia sido alvo de uma tentativa de homicídio em novembro de 2020, quando foi baleado de raspão na cabeça, em um bar de Ricardo de Albuquerque, também na Zona Norte.
Ainda no mês de agosto, dessa vez no dia 1º, o ex-candidato a vereador de Queimados, Ramon Henrique Durães Lima, de 37 anos, foi executado a tiros, no bairro Fanchen, no município da Baixada Fluminense. O homem era comerciante e foi encontrado sem vida dentro do próprio estabelecimento, na Rua Camilo Cristofano.
No dia 26 de maio, o ex-assessor do vereador Carlinhos da Barreira (PSDC), Felipe Reul, foi assassinado na porta de casa, na Rua Senador Hydekel de Freitas, no Jardim Primavera, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em 2021, o parlamentar para quem o homem trabalhou foi preso por suspeita de agiotagem, mas teve a prisão revogada e retornou à Câmara Municipal de Caxias, este ano. O político alega que foi vítima de uma falsa denúncia.
Também em maio, no dia 5, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Itaguaí, na Região Metropolitana, Gilberto Chediac Leitão Torres, conhecido como Gil Torres (União Brasil), foi atacado a tiros na RJ-099, na altura do bairro de Piranema, mas não ficou ferido. O veículo dele chegou a ser atingido pelos disparos, mas por ser blindado, o político não foi atingido. 
No início do ano, em 24 de fevereiro, Jorge Rodrigo de Oliveira Fernandes, de 40 anos, irmão do vereador Paulinho Juventude (PDT), foi executado com mais de 20 tiros, nas proximidades na Praça Caramuru, no bairro São Bernardo, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Uma câmera de segurança flagrou a ação dos criminosos, que aguardaram em um carro até que o homem entrasse na rua. Depois que a vítima vira a esquina, eles aceleram até chegar perto, descem do veículo e atiram. A vítima era gerente de um galpão de caminhões e trabalhava no local havia cerca de quatro anos.
 
 
 
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