Diogo Flausino, pai de Thiago, algemado na delegaciaReprodução / Redes sociais

Rio - Familiares de Thiago Menezes Flausino foram conduzidos à 32ª DP (Taquara) após uma confusão durante um protesto nesta quinta-feira (7), data em que a família completa 120 dias sem o adolescente. O menino de 13 anos foi morto em uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus em agosto deste ano. A concentração dos manifestantes aconteceu na Estrada Miguel Salazar, localizada na comunidade, na Zona Oeste.
No Instagram, um perfil criado em homenagem ao Thiago divulgou imagens da confusão. No vídeo, é possível ouvir uma mulher dizendo que o ato feito pelos familiares era pacífico, enquanto policiais militares reclamavam que o grupo estava atrapalhando o trânsito. Em outra gravação, é possível ouvir tiros de bala de borracha e reclamações de manifestantes do spray de pimenta. Um terceiro vídeo mostra o momento em que os agentes detiveram dois homens, que ficaram sentados no gramado, enquanto discutiam com a mulher que filmava a ação.
No início da noite, o perfil publicou uma foto de Diogo Flausino, pai de Thiago, algemado em uma delegacia ao lado de um outro homem, que seria o tio do jovem. De acordo com a Polícia Civil, os dois foram autuados por desacato e resistência, assinaram um termo circunstanciado e foram liberados da 32ª DP (Taquara). O caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).
"Eu participei desse ato e o tempo todo os policiais estavam agressivos, nos ameaçando. Temos direito de lutar por justiça. Eles matam nossos filhos, irmãos, maridos, mas não podemos gritar por justiça? Que absurdo", escreveu um internauta nos comentários da publicação.
Em nota, a PM afirmou que houve exaltação por parte dos manifestantes, que "chegaram a fazer uso de bombas (Malvinas) contra as equipes que acompanhavam as manifestações, além de obstruir a via por completo". Durante o movimento, dois homens foram conduzidos para a 32ªDP (Taquara), por desacato às autoridades policiais.
No dia 7 de agosto, o adolescente de 13 anos foi morto enquanto passeava de moto com um amigo na Cidade de Deus. De acordo com familiares, câmeras de segurança mostram agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) perseguindo e atirando contra Thiago. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
No início de setembro, os policiais Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria, Silvio Gomes dos Santos e Roni Cordeiro de Lima foram presos preventivamente por fraude processual. De acordo com as investigações, os agentes teriam apresentado uma pistola e munições atribuindo à vítima.
Menos de um mês depois, os quatro foram soltos e respondem o processo em liberdade com medidas cautelares. Eles não podem ter contato com pessoas envolvidas no caso, não podem deixar o estado do Rio e tiveram a suspensão parcial do exercício de função pública e do porte de arma.
Diego Geraldo de Souza, que comandava a equipe do BPChq, foi denunciado pelo crime de prevaricação e fraude processual por omissão. Segundo a denúncia do MPRJ, "ele omitiu-se diante do dever de vigilância sobre seus comandados, autorizando que eles atuassem de modo irregular, utilizando veículos e drones particulares durante a operação". O agente não foi preso, mas segue afastado de funções públicas.