Professor de artes marciais e educação física, William Correia presta depoimento na 12ª DP (Copacabana)Reprodução/Redes sociais

Rio - A Polícia Civil ouviu na tarde desta sexta-feira (8) dois homens que convocaram moradores de Copacabana, na Zona Sul, para combater a violência no bairro. O professor de artes marciais e Educação Física, William Correia, disse na saída da 12ª DP (Copacabana) que não se arrepende de ter gravado o vídeo, mas negou que tenha envolvimento com 'justiceiros'.
'Justiceiros' agridem jovem na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, na Zona Sul do Rio - Reprodução/Rede social
'Justiceiros' agridem jovem na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, na Zona Sul do RioReprodução/Rede social
"Eu fiz um vídeo no calor da emoção, mas não me arrependo de nada do que falei como um morador indignado com a violência. A gente quer ajudar as forças de segurança e ser um parceiro da segurança pública. Não convoquei ninguém a fazer violência gratuita, não tenho nada a ver com esses justiceiros", afirmou William.
O professor de jiu-jítsu Fernando Pinduka, que também fez uma convocação aos mais de 100 mil seguidores que acumula nas redes sociais, também negou envolvimento com os 'justiceiros'. Segundo ele, o seu vídeo foi "mal interpretado por oportunistas", disse. Na publicação, Pinduka pediu ajuda das academias e lutadores da região. "Seria fantástico um engajamento das academias e de lutadores da localidade participando dessa ideia, abraçando o projeto de limpeza em Copacabana", escreveu.

O professor afirmou, ainda na publicação, que não estava estimulando a violência, mas sim "estimulando alguma maneira de proteger a nós mesmos, nossos familiares e as pessoas do bem que estão sendo humilhadas nas ruas". Ele relembrou ainda que nos anos 1990 foi realizado "uma patrulha de proteção". Disse que, na ocasião, deu certo e teve "um verão mais tranquilo".
Um grupo de moradores do bairro estiveram na porta da 12ª DP para protestar a favor dos lutadores. Eles gritaram "William, estamos com você" no momento em que o lutador deixava a distrital. 
Em coletiva de imprensa na Cidade da Polícia, no fim da tarde desta sexta-feira (8), a delegada Raissa Celles, diretora do Departamento Geral de Polícia da Capital, comentou sobre a versão apresentada pelos lutadores em sede policial. "Em ambos os casos, as pessoas mencionaram na delegacia que a intenção não era incitar a violência e a justiça pelas próprias mãos. A orientação dada a eles pela Polícia Civil foi para que caminhassem ao nosso lado. A sociedade tem mil maneiras de ajudar no combate à violência", disse.
Reação após convocação
Logo após as publicações, dezenas de homens foram à caça pelas ruas de Copacabana com o objetivo de agredir possíveis suspeitos. O grupo, que se intitula 'Justiceiros de Copacabana', aparece em imagens de câmeras de segurança espancando um jovem na Rua Djalma Ulrich, no referido bairro, na noite de terça-feira (5). Em um vídeo que circula nas redes sociais, gravado por um dos integrantes do bando, é possível ver pelo menos sete homens agredindo o rapaz na cabeça, nos braços e pernas com socos, chutes e até pauladas.
Durante as agressões, um dos homens questiona o jovem: "Cadê a faca?", e o menino responde: "Não tenho faca, não". Os socos e chutes, então, continuam. Há ainda outros vídeos que circulam nas redes sociais que mostram o mesmo grupo circulando em bando pelas ruas de Copacabana em busca dos suspeitos de praticar roubos em série no bairro. Segundo o Código Penal brasileiro, fazer justiça com as próprias mãos é crime.