Rio - A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou, nesta quinta-feira (14), que houve um surto de casos de Doença Diarreica Aguda (DDA), onde se encaixa a gastroenterite, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. De acordo com o órgão, foram 22 confirmações no bairro na última semana.
Segundo a SMS, casos individuais da doença não são de notificação compulsória, mas os surtos sim, sendo investigados e monitorados. A secretaria ressaltou que mantém o monitoramento permanente, com principal objetivo de detectar alterações no padrão local, apontando eventuais surtos ou epidemias, para adotar as medidas de prevenção e controle.
Nas redes sociais, internautas acreditam que o surto aconteceu por causa do contato com a água, após a manutenção anual do Sistema Guandu, realizada pela Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) na última terça-feira (5). Moradores de outros bairros do Rio e de outras cidades também reclamaram estar com sintomas da doença.
De acordo com a Cedae, a água captada e tratada em todos os sistemas produtores da empresa passa por processo rigoroso de controle de qualidade e encontra-se dentro dos padrões de potabilidade exigidos pela legislação.
A companhia afirmou que mantém o monitoramento constante da água em mais de 35 pontos, desde o leito do Rio Guandu até a saída da água tratada da estação, a partir de onde passa a ser distribuída pelas concessionárias. Além disso, a empresa destacou que o laboratório da Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu conta com equipamentos de alta tecnologia que permitem a realização de análises em até meia hora.
O Sistema Guandu atende atualmente cerca de 10 milhões de pessoas no município do Rio e cidades da Baixada Fluminense. A população pode consultar os relatórios de controle de qualidade da água, atualizados periodicamente, no site da Cedae.
Sintomas e cuidados
O Ministério da Saúde destaca que as DDAs são caracterizadas por uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal.
Em geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias. Em alguns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como disenteria. A depender do agente causador da doença e de características individuais dos pacientes, as DDA podem evoluir clinicamente para quadros de desidratação que variam de leve a grave.
Os principais sintomas são: cólicas abdominais, dor abdominal, febre, sangue ou muco nas fezes, náusea e vômitos.
Devido ao surto na cidade do Rio, a SMS recomenda que algumas ações individuais sejam adotadas pela população a fim de prevenir casos da doença, como lavar as mãos regularmente (antes, durante e após a preparação e ingestão dos alimentos); ao manusear objetos sujos; depois de tocar em animais; após utilizar transporte público; depois de ir ao banheiro ou após a troca de fraldas; antes da amamentação e sempre que voltar da rua); lavar e desinfetar as superfícies, os utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos; selecionar alimentos frescos com boa aparência e, antes do consumo, os mesmos devem ser lavados e desinfetados; para desinfecção de frutas, legumes e verduras deve-se imergir os alimentos em uma solução preparada com 10 ml (uma colher de sopa) de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água tratada; e tratar a água para consumo: filtrar, ferver, tratar com solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água (aguardar 30 minutos antes de usar).
O que dizem as concessionárias
A Águas do Rio informou que fornece água tratada dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pela portaria 888 do Ministério da Saúde em toda a sua área de concessão, onde o bairro de Copacabana está inserido. Para isso, a concessionário disse que cumpre um rigoroso controle de qualidade, que inclui em torno de 12 mil análises mensais em diversos pontos das redes e cerca de 120 mil por mês nas saídas das estações de tratamento de água. Os resultados dessas análises são disponibilizados mensalmente nas faturas de água.
A empresa ainda pediu que os usuários que tenham alguma dúvida com relação a qualidade entrem em contato para que seja feita uma análise dos parâmetros. A Águas do Rio está à disposição através do 0800 195 0 195, disponível para ligações gratuitas e mensagens via WhatsApp.
A Iguá destacou que conta com um time de controle de qualidade, que realiza diariamente aferição da água recebida pela Cedae. A concessionária possui um laboratório próprio, credenciado pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA), e apto a avaliar 10 parâmetros de qualidade da água (cloro, cor, turbidez, pH, condutividade, fluoreto, escherichia coli, coliformes totais, gosto e odor).
A companhia afirmou que, durante o retorno da parada do Guandu, foram intensificados os monitoramentos nos 300 pontos de controle distribuídos por toda a rede da empresa. A Iguá confirma que os níveis de cloro livre residual na rede de distribuição da concessionária estão dentro da conformidade legal (lembrando que a cloração é um processo químico realizado ainda na ETA Guandu, sob responsabilidade da Cedae).
A empresa também conta com um laboratório móvel que roda sete dias na semana (diariamente) e está disponível para atender aos clientes por meio do número 0800 400 0509.
A concessionária alerta ainda para os riscos da utilização de fontes alternativas de água como poços artesianos ou carros pipa para a saúde da população e o meio ambiente, se não forem devidamente monitoradas. "Isso porque o contato da água tratada com outros líquidos na instalação hidráulica pode contaminar todo o depósito de água do cliente. Já a utilização de carros-pipa ilegais pode expor a população a uma água não tratada e até mesmo contaminada", disse em nota.
Já a Rio+Saneamento informou que a água distribuída nos 24 bairros atendidos pela concessionária na Zona Oeste do Rio encontra-se dentro dos padrões de qualidade estabelecidos pela Portaria de Potabilidade do Ministério da Saúde. A empresa destacou que realiza periodicamente coletas e análises para acompanhamento da qualidade da água entregue à população. A partir dos resultados obtidos, a concessionária elabora um relatório mensal divulgado nas contas e site da empresa.
Em caso de dúvidas, os clientes podem contar com os canais de atendimento da concessionária: o telefone 0800 772 1025, que oferece a possibilidade de envio de mensagem via WhatsApp e o site riomaissaneamento.com.br.
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