Iago dos Santos foi preso nesta quarta-feira (13) em Nova Iguaçu, na Baixada FluminenseReprodução

Rio - A Justiça do Rio manteve a prisão de Iago dos Santos Fonseca, de 26 anos, após audiência de custódia, realizada na tarde desta quinta-feira (14). Ele é acusado de entregar a ex-mulher, Janayna Evangelista Napoleão, de 22, ao "tribunal do tráfico" do Complexo do Alemão, na Zona Norte. O então namorado da vítima e um amigo também teriam sido mortos pelos traficantes. Os três corpos jamais foram encontrados.
A juíza Daniele Lima Pires Barbosa julgou legalidade do mandado de prisão temporária contra o suspeito e entendeu que não houve erro no ato prisional. Na sessão, Iago disse que foi agredido com cotoveladas na perna, tapas no pescoço e teve a algema apertada de forma excessiva. Ele ainda alegou que tinha marcas das agressões, mas ele não apresentava lesões aparente. 
Para a magistrada, os relatos de agressão não configuram ilegalidade na prisão. Barbosa pediu para que Iago passe por um exame de corpo de delito, mas a juíza entende que a suposta agressão não tem relação com as provas adquirida pela investigação que causaram a sua detenção.
"Os relatos de agressão não geram ilegalidade da prisão, sequer existindo certeza, neste momento inicial, das circunstâncias em que se deram as lesões, não se podendo afastar de plano a possibilidade de terem decorrido de tentativa de fuga ou resistência à prisão, conforme versão dada pelos policiais. A suposta agressão não guarda relação causal com as provas que ensejaram a prisão. Portanto, não se vislumbra qualquer evidência de prova ilícita originária ou por derivação em decorrência da alegada agressão, não havendo que se falar, portanto, em ilegalidade da prisão", escreveu.
O homem responde pelo crime de feminicídio após entregar sua ex-mulher para o 'Tribunal do Tráfico' dizendo que Janayna era informante da polícia. Ele foi preso nesta quarta-feira (13) dentro de casa, no bairro Rodilândia, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em uma ação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA). 
Investigação
Segundo as investigações da Polícia Civil, Iago passou a enviar áudios para Janayna após o fim do casamento exigindo que ela reatasse. Em um dos episódios, o homem chegou a dizer que a agrediria com pauladas.
"Vou fazer uma pergunta: tu (sic) não vai voltar para mim? Só isso, me responde. No mínimo, eu vou te deixar careca. Vou te deixar careca e dar muita paulada na sua cara", disse. Como forma de se proteger, a mulher enviava as mensagens que recebia do agressor à irmã, com quem morava, na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, e para uma colega de trabalho.
Janayna namorava Iago desde os 14 anos e, de acordo com as investigações da DDPA, há indícios de que tenha sido agredida durante todo o relacionamento. Segundo a delegada Elen Souto, familiares informaram que a jovem apresentava rotineiramente marcas de violência.
Mesmo sendo vítima de constantes ameaças, Janayna não voltou a morar com Iago na casa onde residiam, o que despertou a raiva e o ciúme do homem, segundo a DDPA. Por isso, ele inventou que a vítima e dois amigos, identificados apenas como Jonny Santos e Vinicios, eram informantes da polícia para traficantes do Alemão. As vítimas foram executadas pelos traficantes.
Janayna, Jonny e Vinicios desapareceram na manhã do dia 5 de outubro deste ano. Na ocasião, a mulher tinha saído de casa para trabalhar em um restaurante no Norte Shopping, mas não chegou ao local. As três vítimas ainda não foram encontrados e a polícia busca identificar familiares de Jonny e Vinicios para seguir as investigações e prender os bandidos envolvidos no crime.