Companhia Down Dance se apresentará pela primeira vez no Rio amanhã Reinaldo Azevedo
Espetáculo da Companhia Down Dance chega ao Rio
Grupo de dança de Cabo Frio reúne pessoas com Síndrome de Down e busca enfrentar o preconceito
Oito anos atrás, o professor de dança paraense Allan Lobato foi convidado para participar do evento Feira Forte, organizado pela Associação Comercial e Industrial de Cabo Frio. Depois de realizar uma performance para o público, ele decidiu fazer um concurso de dança e pediu para que cinco mulheres subissem ao palco. Entre elas, estava a jovem Natália Barrios, que venceu a disputa ao impressioná-lo com a sua energia e talento durante a apresentação. "Ela me deixou encantado e, naquele momento, bateu a curiosidade de entender como eu poderia incluir pessoas com Síndrome de Down, assim como a Natália, nas academias de dança", relembra.
Na época, ele já trabalhava há mais de 15 anos como coreógrafo na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, mas decidiu começar a dar aulas de dança para a jovem no mesmo espaço usado para as suas turmas rotineiras. Diante da divulgação feita nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), a novidade passou a se espalhar entre os colegas de Natália.
Com o sonho de conseguir um espaço próprio dar continuidade ao seu trabalho, Allan chegou a participar em 2018 do 'The Wall', um quadro de perguntas e respostas no 'Caldeirão de Huck'. No ano seguinte, sua turma foi também a atração de uma das equipes do quadro 'Jogo de Panelas', do programa 'Mais Você', de Ana Maria Braga.
Gran Finale
O professor fundou em setembro deste ano o Instituto de Dança Allan Lobato, uma organização sem fins lucrativos e que tem como um dos seus projetos centrais a Companhia Down Dance, voltada para o ensino de dança de salão. O grupo se prepara para o seu primeiro espetáculo na cidade do Rio de Janeiro, que acontecerá amanhã no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea.
Natália, hoje com 37 anos, está ansiosa para a chegada do momento de dançar seus ritmos favoritos, o bolero e o samba. "Para nós, está sendo uma vitória e uma honra muito grande sair de Cabo Frio para fazer uma apresentação no Rio", declara Olivia Barrios, a mãe da jovem.
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A mesma empolgação é demonstrada por Silvia Mendes, mãe do aluno Ricardo, de 41 anos. De acordo com ela, a paixão que ele nutre pela dança é tão grande que, mesmo após sofrer com sequelas graves da infecção pelo coronavírus, o filho mal podia esperar o momento para voltar para os palcos. Ricardo hoje sonha em fazer uma temporada internacional com a Companhia.
'A dança é um espaço terapêutico'
Para a psicóloga Symone Castro, além do desenvolvimento motor proporcionado pela dança, a sociabilidade também é um elemento crucial para ser considerado. Symone atende alunos que fazem parte da Cia Down Dance e relata como a atividade auxilia na melhora do comportamento desses jovens. "A dança é um espaço terapêutico porque por ela você aprende, ensina e vive na coletividade", afirma.
Os impactos positivos podem ser percebidos até mesmo pela família dos alunos, como é o caso de Adelina Leocádia, mãe da Sophia, adolescente de 15 anos diagnosticada com Síndrome de Down e Transtorno Opositor Desafiador (TOD). "Eu passei a ter uma moeda de troca muito boa: se ela não se comportar, não vai para a aula de dança", diz Adelina, que acompanha a filha nas práticas de dança de salão ministradas por Allan em Cabo Frio.
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