Francisco Oliveira, de 38 anos, estava há 10 anos na Polícia FederalReprodução

Rio - Uma perícia da Polícia Civil constatou que a arma do policial federal Francisco Elionezio Braga Oliveira, de 38 anos, morto em uma discussão com um PM em um quiosque na Barra, na Zona Oeste, estava com duas balas sobrepostas na saída do cano, o que caracteriza uma pane mecânica e indica tentativa de disparo. Investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) seguem em andamento com a principal hipótese de o agente ter resistido à abordagem.
Policiais da DHC estiveram nesta segunda-feira (18) no estabelecimento localizado na Avenida do Pepê, onde houve a confusão na noite de domingo (17). Os PMs envolvidos na ocorrência já foram ouvidos e a arma do agente que realizou o disparo foi apreendida, assim como a de Francisco. As imagens de câmeras de segurança do quiosque e as dos coletes dos militares estão sendo analisadas.
O caso está sendo apurado como auto de resistência. Há a possibilidade da morte ter acontecido decorrente de intervenção policial, termo que significa quando há uma ocorrência de resistência seguida de morte, no qual o agente atua para cessar injusta agressão. De acordo com testemunhas, Francisco teria agredido o PM com dois tapas no rosto antes de ser baleado. A equipe do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foi até o local após solicitação de pessoas do estabelecimento devido ao comportamento do policial federal.
A Polícia Militar já havia informado que o agente federal ameaçou o policial do 31º BPM  com sua arma, o que provocou o revide. Francisco foi baleado e não resistiu aos ferimentos. O Corpo de Bombeiros informou que atendeu à ocorrência e registrou o óbito no local. As equipes ainda socorreram Thamires Duarte, de 34 anos, e a levaram para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a mulher, que foi atingida nas nádegas, já recebeu alta.
PF foi condecorado por salvar menina
Francisco foi condecorado com a Medalha da Defesa Civil, entregue pelo Governo do Distrito Federal, no começo deste mês, por salvar, em outubro, uma menina, de 7 anos que havia se engasgado em um restaurante em Brasília. O agente deixa três filhos, sendo um bebê de 1 mês, e a mulher.
Na época do salvamento, Francisco estava na capital do país para participar de um curso para formação de socorristas da corporação. No dia 15 de outubro, ele salvou a menina. Câmeras de segurança gravaram a criança em uma mesa ao lado dos pais quando ela começa a apresentar sinais de falta de ar. O casal tentou auxiliar a menina após perceberem que ela estava engasgada. A criança chegou a ficar desacordada. Próximo da mesa, Oliveira percebeu o que acontecia, se aproximou da mesa onde a família estava e realizou uma manobra para desobstruir as vias respiratórias da menina. 
O agente estava na corporação há 10 anos e fazia parte, desde o final do ano passado, do Grupo de Pronta Intervenção da PF, unidade especializada em ações emergenciais como operações em comunidades, prisões de indivíduos considerados perigosos e ocupação de edificações. Ele começou na Superintendência da PF em Roraima, em 2013, e também já trabalhou na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da corporação no Rio, onde ingressou em 2015 e ficou até dezembro de 2022.
Chiquinho, como era conhecido na corporação, tinha três filhos, sendo um de 6 anos, um de 5, e um recém-nascido de um mês. Ele era casado com a agente Maria Fernanda de Oliveira Fonseca, lotada na Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor) da PF. Ainda não há informações sobre seu enterro.