Ministério Público Federal do Rio de JaneiroReprodução
MPF recomenda protocolo contra intolerância religiosa em hospital após incidente
Paciente teve tatuagem de religião de matriz africana queimada após cirurgia; hospital nega preconceito
Rio – O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, Zona Norte do Rio, a elaboração de um protocolo de atendimento a pacientes de religiões de matriz africana em até 60 dias.
A recomendação foi formulada após o depoimento de um homem que sofreu queimadura de segundo grau durante procedimento cirúrgico na lombar. A área queimada foi o antebraço esquerdo, em local onde havia uma tatuagem em homenagem ao seu orixá, representando o Candomblé e a Umbanda.
Foi recomendado ao hospital que também promova um curso de formação sobre o tema para todos os funcionários e que divulgue amplamente, em suas dependências, o compromisso com o respeito a todas as religiões e com o enfrentamento ao racismo religioso.
O Ministério Público Federal afirmou que “independentemente de qualquer discussão sobre a responsabilização individual no caso, o MPF entendeu ser necessário avançar na prevenção, tendo em vista o risco de novas ocorrências”.
Em nota, o Hospital São Francisco na Providência de Deus negou a acusação de intolerância religiosa e afirma que o caso aconteceu por causa de um desvio de descarga energética ao uso do bisturi elétrico em uma parte do corpo próxima ao acesso venenoso do paciente – um evento involuntário, lamentado pela instituição. A pessoa foi acompanhada no pós-operatório e recusou a intervenção de um cirurgião plástico.
O hospital reforçou que o incidente não teve relação com intolerância religiosa e que, há três meses, criou o Comitê de Diversidade e Inclusão, que aborda o acolhimento a colaboradores e pacientes independentemente de sua crença, gênero e valores étnicos e culturais.
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