Um dos suspeitos de ter roubado o ostensório da Igreja São Francisco de Paula, no CentroReprodução de vídeo

Rio – Novas imagens obtidas pelo DIA do roubo do ostensório da Igreja São Francisco de Paula, no Largo da Prainha, no Centro, ocorrido no dia 4 de novembro, mostram que um dos suspeitos foi roubado pelo outro comparsa do crime.
Após o homem deixar a peça sacra do lado de fora da igreja e voltar para dentro do local, o segundo suspeito retira a peça do chão e foge com ela pelo estacionamento do templo.
Segundo a delegada da Polícia Federal do Rio de Janeiro (PFRJ) Paula Mary, responsável pelo caso, o homem enganado pelo cúmplice foi capturado dois dias depois do crime, em frente à Biblioteca Parque Estadual, na Avenida Presidente Vargas, no Centro, por agentes do 5º BPM (Gamboa). Ele foi localizado com a ajuda da população.

Em depoimento na delegacia, o homem afirmou que ele e o parceiro levaram a parte furtada do ostensório para ser vendida em uma área próxima ao Morro da Providência, na Gamboa, mas foram agredidos por um casal, que levou a peça embora. Assim, ele não soube mais do paradeiro do objeto. O homem foi liberado, pois não foi preso em flagrante.
De acordo com a delegada, diligências foram feitas no local referido, mas os agentes não encontraram nenhuma pista. Com as novas imagens reveladas, a Polícia Federal considera que o depoimento não é verdadeiro. Ainda de acordo com a PF, os dois homens estão em situação de rua, o que dificulta a localização deles.
A polícia investigou a possível venda do ostensório em ferros-velhos, mas não encontrou a peça. Uma equipe da igreja também tentou encontrar o objeto em estabelecimentos que comercializam sucatas e lojas de antiguidades: "Ela era usada no momento da adoração eucarística, para receber a hóstia sagrada. Era uma peça muito bonita. Ela ficava exposta para que os fiéis pudessem ver sempre que quisessem. Já não era tão utilizada, por ser uma peça muito grande, tem 1,40 e por ser mais difícil de usar", explicou o padre.

Na época do crime, o pároco da capela, Padre Álvaro, afirmou que um dos suspeitos do crime voltou ao local, no dia seguinte, para tentar levar a base do objeto, que havia escondido no estacionamento. Porém, a peça não foi encontrada, pois a equipe da igreja já a havia recuperado e guardado.
O caso é investigado pela Polícia Federal, pois o ostensório é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A arte furtada era parte de uma custódia, objeto em que se coloca a hóstia para adoração dos fiéis, de liga metálica, com pedras semipreciosas, medindo 140 cm de altura por 44 cm de largura. Datada do século XVIII, a peça fazia parte do acervo da Igreja, tombado pelo Iphan em 1938 e inventariado em 2001.

O Iphan encaminhou fotos e a ficha da peça furtada no Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados, para contribuir com os trabalhos de investigação da Polícia Federal.

O historiador Marcos Teixeira estimou que a peça valha pelo menos R$ 50 mil. "É uma pena, uma raridade, algo único. Provavelmente será encontrada em um antiquário, ela é valiosíssima. Torcer para que não seja fundida. Como o mercado está em baixa, deve valer cerca de R$ 50 mil", disse.
Qualquer informação acerca do paradeiro da peça deve ser comunicada ao Iphan, pelo e-mail cnart@iphan.gov.br.