Prefeito Eduardo Paes e o secretário de Saúde, Daniel Soranz, na reinauguração do CAPSad Dona Ivone LaraReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Espaço para acolhimento de pessoas em situação de rua é reinaugurado em Cascadura
Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Outras Drogas (CAPSad) Dona Ivone Lara será uma residência do projeto 'Seguir em Frente'
Rio - A Prefeitura do Rio reinaugurou, neste sábado (23), o Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Outras Drogas (CAPSad) Dona Ivone Lara, em Cascadura, na Zona Norte. O local será uma residência e unidade de acolhimento do projeto ‘Seguir em Frente’, para auxiliar pessoas a deixarem a situação de rua. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, estiveram presentes no local.
A inauguração faz parte do programa 'Seguir em Frente', destinado a dar assistência da pessoas em situação de rua, em especial, dependentes químicos. A iniciativa traça o novo plano de ação e monitoramento para proteção à população em situação de rua na capital, incluindo a intenção compulsória, sugerida pelo prefeito há um mês. A ação foi publicada nesta quinta-feira (21), no Diário Oficial.
Segundo Soranz, esse CAPSad é um espaço diferenciado dos outros, já que ele está ligado com unidades de acolhimento e tem também residências de acolhimento em outro lugares. Ainda segundo secretário de Saúde, a principal causa para essas pessoas saírem da situação de rua é a vontade de trabalhar. "Temos um censo que mostra que mais de 70% pessoas querem trabalhar, essa é a principal causa para saírem da situação de rua", explica o secretário.
O secretário também falou sobre a internação involuntária em casos de intoxicação por substâncias química ou pessoas que atentam contra a própria vida por problemas psicológicos e revelou que a unidade já salvou a vida de pacientes que se encontravam nessa situações. "Nós tivemos um paciente, não vou citar o noem do paciente, mas ela estava desacordado na rua, as pessoas passavam por ele, fingiam que não viam. O Samu foi chamado, mas não compareceu. Ele tinha uma tuberculose muito resistente, HIV positivo, hiperglicêmico e uma intoxicação fortíssima com substâncias ilícitas. A gente não pode deixar uma pessoa na rua desse jeito, se não tivéssemos realizado essa internação, ele ia morrer", contou.
"Isso é você olhar essa pessoa como um ser humano, é reumanizar aquela pessoa que muitas vezes está invisível em situação de rua. Essa fase 0 [internação involuntária], ela é uma exceção, mas muitas vezes ela precisa acontecer. Não dá para a gente permitir uma pessoa totalmente fora de si, intoxicada, colocar em risco a sua própria vida e achar que isso é normal", completou.
O local foi batizado com o nome de Dona Ivone Lara para reconhecer a importância da sua trajetória do seu trabalho de mais de três décadas na saúde mental.
Censo da população em situação de rua
Segundo o censo da população em situação de rua, realizado em 2022 pela Secretaria Municipal de Assistência Social, o Rio tem 7,8 mil pessoas vivendo nas ruas da cidade, em mais de 1,6 mil pontos mapeados, sendo 109 cenas de uso de drogas. A grande maioria, 82%, era de homens. Quase 40% eram originários de outros municípios ou estados. Mais de 75% revelaram ter dormido nas ruas todos os dias no mês anterior e apenas 19% já haviam dormido em um abrigo público. Mais da metade já havia dormido em abrigos, mas voltou para as ruas. Perguntados sobre o que precisavam para sair da situação de rua, 41,2% responderam 'emprego'.
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