Fachada do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em CaxiasCleber Mendes / Agência O Dia
Filha denuncia morte de pai em hospital de Caxias por negligência médica
Verônica Francisca de Castro contou que Carlos Luiz Ancelmo da Silva, 65, recebeu alta médica, mesmo com fortes sintomas de infecção urinária
Rio - Uma vigilante denuncia a morte do pai, no último domingo (21), no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por negligência médica. O idoso Carlos Luiz Ancelmo da Silva, de 65 anos, foi diagnosticado com infecção urinária e anemia, mas recebeu alta médica horas depois de ser internado, mesmo ainda se sentindo mal.
Verônica Francisca de Castro, de 41 anos, conta que o pai não estava conseguindo urinar, se alimentar, beber água e tendo dificuldades para andar e, por volta das 1h de sábado (20), o levou para o hospital. Após exames e da descoberta da causa dos sintomas, ele foi internado, mas a filha não pôde acompanhá-lo. Por volta das 10h, ela foi informada de que Carlos Luiz recebeu alta médica e, sem acreditar que ele tinha se recuperado, o buscou apenas no domingo.
Entretanto, ao encontrar com o pai, a vigilante percebeu que ele ainda estava com os mesmos sintomas e foi orientada pelos profissionais a tratá-lo em casa com medicamentos. "Como dá alta para uma pessoa, se a pessoa está com os mesmos sintomas. Disseram que ele estava com infecção urinária e que dá para combater em casa, mas como, se a pessoa não está comendo, não está andando? Como liberam o paciente assim?", disse Verônica.
A filha relatou que também recebeu um encaminhamento para marcar uma consulta com um urologista. "Até eu agendar (a consulta), vai demorar séculos, a pessoa morre e não vai ser atendida. Quando a gente procura o hospital, é porque a pessoa está precisando de socorro, de médico. Se eles não tinham recursos ali, que transferissem para outro hospital, não é mandar o paciente embora com os mesmo sintomas ou mandar procurar um urologista e tratar com remédio", desabafou.
Poucas horas depois de levar o idoso para casa, ele voltou a passar mal e a filha retornou ao hospital, mas ele não resistiu e morreu. Inicialmente, os médicos teriam dito à família que ele sofreu um infarto, mas a causa da morte não foi declarada no laudo. Verônica conta que o pai sofria com o alcoolismo, mas que não tinha doenças preexistentes, como diabetes, hiperstensão ou cardíaca. Carlos Luiz será sepultado às 15h desta segunda-feira (22), no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio.
"É um sentimento de revolta, a gente depende do órgão público e quando a gente precisa, não tem suporte. E não é só comigo, tinham vários casos acontecendo, eles internam em um dia e no outro manda buscar. É um descaso, eles não têm explicação para me dar. Eu espero que melhore, porque é um hospital grande, botem mais profissionais para trabalhar, para atender o povo com mais carinho, para cuidar dos pacientes e para que não aconteça com mais ninguém", lamentou a filha.
Procurada pelo DIA, a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias disse que Carlos Luiz deu entrada na unidade para atendimento na noite de sexta-feira (19) com quadro infeccioso, sendo internado para realização de exames e observação médica. O órgão informou que, após os exames e a melhora no quadro geral de saúde, não havia critério para hospitalização. Por isso, o paciente recebeu alta neste domingo (21) com indicação da medicação para tratamento em casa e encaminhamento para consulta com a urologia.
Ainda segundo a secretaria, no mesmo dia, o homem reentrou no hospital com quadro grave, que levou ao óbito. A direção da unidade disse que não houve nada no relato médico que possa identificar negligência e que se coloca à disposição da família para esclarecimentos.
"A direção do HMMRC ressalta ainda que o paciente recebeu todo o atendimento disponível na unidade, tanto na sua primeira entrada como na sua reentrada, e que se coloca a disposição da família para os esclarecimentos que se fizerem necessário", diz a nota.
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