Polícia acredita no enfraquecimento da guerra entre milícias após prisão de chefes em Curicica
Titular da Draco avalia que com as prisões, outros territórios deixam de ser invadidos e o rastro de violência é menor
Os delegados da 38ª DP (Brás de Pina), Flavio Rodrigues; da Draco, João Valentim; e da DRE, Pedro Cassundé mostram detalhes da prisão de milicianos em Curicica - Roberta Sampaio/ Agência O DIA
Os delegados da 38ª DP (Brás de Pina), Flavio Rodrigues; da Draco, João Valentim; e da DRE, Pedro Cassundé mostram detalhes da prisão de milicianos em CuricicaRoberta Sampaio/ Agência O DIA
Rio- Após a prisão dos líderes da milícia de Curicica na madrugada desta quarta-feira (24), a polícia acredita no enfraquecimento do grupo e da guerra entre os bandos que atuam na Zona Oeste. Segundo o delegado João Valentim, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), com as prisões, outros territórios deixam de ser invadidos e consequentemente, o rastro de violência é menor.
"Além de enfraquecer a milícia na Zona Oeste, as prisões arrefecem a guerra, o que é muito importante porque outros territórios deixam de ser invadidos e a população deixa de ser vítima disso tudo", explicou Valentim em entrevista coletiva nesta quarta-feira (24), na Cidade da Polícia, Zona Norte.
Cláudio César Rocha, o Cara de Ferro, e Anderson Ferreira de Oliveira, conhecido como Andinho, foram presos na saída de uma boate em Curicica, Zona Oeste do Rio, na madrugada desta quarta-feira (24). Dois seguranças dos milicianos morreram durante troca de tiros com os policiais para tentar impedir a prisão. Eles foram identificados como Tarik Luigi Fernandes e Kendel Kelvin Nascimento. De acordo com as investigações, Cláudio César é apontado como o chefe do grupo e Andinho é o segundo homem na hierarquia.
O 'Cara de Ferro', substituiu o 'Playboy da Curicica', morto em confronto com policiais civis na Maré em junho do ano passado. De acordo com a Polícia Civil, o criminoso era apontado como líder da milícia local. Ele estreitava laços com a traficantes da facção criminosa que domina a localidade no Complexo da Maré, onde foi morto. Já Andinho é apontado como o braço operacional da milícia da Curicica e respondia somente ao chefe, com quem foi preso na madrugada desta quarta-feira(24).
De acordo com os delegados, o grupo era monitorado em uma ação conjunta com várias delegacias. "Foi uma ação da Polícia Civil que envolveu a cooperação entre várias delegacias: 22ª DP (Penha), 38ª DP (Brás de Pina), Draco e DRE. Decidimos agir e atuar com as equipes no que resultou em mais uma ação importante, em que se neutraliza um grupo que se rivaliza com outro grupo da Zona Oeste. Nós tínhamos a perspectiva de que estariam fortemente armados, porque é o que é de costume. Por isso, estávamos com o apoio técnico da 38ª DP. Esse planejamento foi muito bem feito", ressaltou João Valentim.
Andinho fugiu do Presídio Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó, em Bangu, em fevereiro de 2013, quando 31 detentos conseguiram deixar o complexo na tarde de um domingo. Dentre os fugitivos também estava Luiz Claudio Machado, o "Marreta", ex-gerente do Complexo do Alemão. Segundo a polícia, na ocasião da fuga, Andinho era vinculado ao tráfico de drogas da Cidade de Deus, mas deixou o grupo e fugiu com armamento e dinheiro para Curicica, passando a integrar o grupo que atua na região. O 'Cara de Ferro' também já havia sido preso.
Expansão de território
Rival declarado de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, o grupo pretendia expandir os territórios, já que, o miliciano se entregou no fim do ano passado e teve o poder enfraquecido. A polícia informou, ainda, que os criminosos presos na ação tinham um forte vínculo com o tráfico.
"A milícia do Zinho constitui um grupo rival ao grupo da Curicica. Os presos hoje têm um vínculo forte com o tráfico de drogas. Então, eles eram rivais. Com o enfraquecimento da milícia do Zinho, eles queriam tomar outros territórios. É importante notar que no meio dessa guerra, há uma grande coligação entre milícia e o tráfico de drogas justamente para expandir o poder", disse o titular da Draco.
A Polícia Civil informou que apreendeu dois fuzis, duas pistolas, centenas de munições de fuzil e de pistolas, dezenas de carregadores, duas granadas, entre outros materiais.
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