Moïse Kabagambe, congolês morto espancado em quiosque da Barra da TijucaReprodução

Rio - Ainda sem definição de data para o julgamento, a violenta morte de Moïse Kabagambe, espancado por três homens em quiosque na Barra da Tijuca, completou dois anos nesta quarta-feira (24). O estabelecimento que se tornou homenagem ao congolês de 24 anos amanheceu fechado e familiares estiveram no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, onde o rapaz foi enterrado.
No domingo, o Tribunal de Justiça do Rio determinou que os três réus acusados de homicídio doloso triplamente qualificado vão ao Tribunal de Júri. Como ainda cabe recurso, não há definição de data.
Nas redes sociais, Djodjo Kabagambe publicou uma homenagem ao irmão e pediu por justiça. "Hoje, se completam dois anos desde o dia que você partiu para sempre, irmão. Foram muitas horas, dias, semanas e meses de saudade e um inconformismo que ameaça nunca ter fim. Quando olhamos de longe e a dor é dos outros, parece fácil de superar. Sempre dizemos que vai ficar bem, que com o tempo tudo vai passar. Mas quando é conosco, tudo muda, pois dói a alma, o corpo e até o mundo ao nosso redor parece sofrer por compaixão", desabafou Djodjo.
"A dor nunca chegou a passar completamente, mas o tempo atenuou a raiva, a revolta e outros sentimentos mais negativos e deixou no seu lugar esta intensa saudade que jamais será saciada. "Um dias nos encontraremos outra vez, tal como quase todas as noites acontece nos meus sonhos. Aí tudo terá passado, por fim... Te amo para sempre", concluiu.
Em setembro do ano passado, o Tribunal de Justiça ouviu, durante a audiência de instrução e julgamento, os três réus: Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota. Eles estão presos desde a morte de Moïse.
Relembre o caso
Moïse Kabagambe, 24 anos, trabalhava no quiosque Tropicália na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele foi espancado e morto por Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Luz da Silva na noite do último dia 24 de janeiro. Os três homens agrediram o jovem com socos e chutes, golpes de taco de beisebol e pauladas.
Fábio assumiu ter dado pauladas na vítima, já Cristiano confessou ter participado das agressões, enquanto Brendon aparece nas filmagens imobilizando o congolês no chão.
O motivo, de acordo com relatos colhidos pela Polícia Civil, foi um desentendimento após Moïse cobrar valores de duas diárias de trabalho no quiosque.
O crime gerou grande comoção com repercussão nacional e internacional, protestos e até relatos de ameaças de familiares da vítima que chegaram a dizer que teriam sido inibidos ao ir até o local onde fica o quiosque para protestar e mostrar a indignação.