Familiares e amigos do menino Paulo Victor fazem manifestação na porta do MPRJ, no Centro do Rio, nesta terça-feira (23)Armando Paiva/Agência O Dia

Rio - Familiares e amigos do jovem Paulo Victor Vieira de Souza, de 16 anos, realizaram uma nova manifestação, na tarde desta quarta-feira (24), desta vez em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul. O objetivo é obter respostas sobre o paradeiro do adolescente. A mãe do jovem tinha esperanças de chamar a atenção do governador Cláudio Castro para o caso, o que não aconteceu.
Na segunda-feira (22), parentes e amigos de escola fizeram uma manifestação na entrada da 38ª DP (Brás de Pina), na tentativa de receber um posicionamento dos investigadores que atuam no caso. No entanto, a irmã do adolescente, Fátima Oliveira, disse que ninguém saiu para atendê-los. Ainda segundo Fátima, a família teria sido informada que para a operação ser realizada era preciso o apoio de cinco a dez veículos blindados da polícia.
O grupo voltou a se reunir nesta terça-feira (23), às 9h, para um protesto na entrada da sede do Ministério Público do Rio (MPRJ), no Centro do Rio. No entanto, nenhum órgão público os procurou para oferecer ajuda. 
Linha de investigação e suspeito preso
O jovem foi capturado por criminosos no último dia 14, quando soltava pipa com amigos, próximo à estação de trem em Brás de Pina. Além de Paulo Victor, outras duas pessoas foram sequestradas, em um período de 10 dias, nas proximidades da favela do Quitungo. A suspeita da Polícia Civil é de que o mesmo grupo criminoso da comunidade seja responsável pelos desaparecimentos. Além do adolescente, também foram sequestrados o entregador Wagner Motta Neves, de 33 anos, em 4 de janeiro, e Wagner Santana Vieira, de 36 anos, em 8 do mesmo mês, quando visitava familiares no bairro.
No último dia 10, o corpo do segundo foi encontrado por policiais militares, às margens de um rio, na localidade do Cantinho da Ponte, na Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A identificação da vítima foi confirmada nesta terça-feira (16).
De acordo com o delegado titular da 38ª DP, Flávio Rodrigues, a principal linha de investigação é de que eles tenham sido levados pelos bandidos devido a um acerto de contas de grupos criminosos, porque as vítimas moravam ou integravam o tráfico de drogas de favelas dominadas por facções rivais. Entretanto, não há confirmação de que elas tenham envolvimento com o crime organizado. Atualmente, a comunidade do Quitungo é controlada pelo Comando Vermelho.
Na quarta-feira (17), policiais do Grupamento de Ações Táticas do 16° BPM (Olaria) prenderam um suspeito de envolvimento no sequestro. Lucas Bianchini Nunes Borges foi localizado no mesmo bairro onde o jovem desapareceu, após informações repassadas pelo Disque Denúncia. O preso já havia sido detido outras vezes por associação criminosa e desobediência.
Em 2019, Lucas e outras 28 pessoas organizaram uma invasão ao Estádio Maracanã, na Zona Norte do Rio, por meio de uma rede social. O grupo, que contava com membros de torcidas organizadas, tentou invadir um jogo entre Flamengo e Grêmio, válido pela Copa Libertadores. Lucas foi preso no dia anterior à partida e solto após quatro dias para responder o processo em liberdade.
Já em 2022, ele foi detido em flagrante por desobediência e encaminhado à 22ª DP (Penha). No momento, o processo está suspenso temporariamente. Enquanto respondia pelo crime, Lucas alegou trabalhar como motoboy. A moto dele foi um dos pontos que ajudou na prisão pelo envolvimento no sequestro do adolescente. Nas redes sociais, ele publicou imagens com o veículo, que é semelhante ao flagrado pelas câmeras de segurança durante o crime.