Imagens mostram homens de camiseta e calça preta dando chutes e pisões sobre vítimas na LapaReprodução/ O DIA
Imagens fortes! Vídeo mostra homens agredindo mulheres no chão com chutes e pisões na Lapa.
— Jornal O Dia (@jornalodia) January 26, 2024
Crédito: Reprodução#ODia pic.twitter.com/77C7DuDjVC
O dono do espaço de samba, Carlos Firmino, afirmou nesta sexta-feira que foi enganado por seus seguranças. "Eu estava lá dentro. Tinha acabado o samba. Estava conversando com a cantora e os músicos, ouvindo um som lá dentro. Nisso, chega a funcionária dos serviços gerais e avisa que estava tendo briga lá fora. A única coisa que eu vi foi que não tinha briga, tinha um segurança cortado, as meninas no táxi e o taxista disse que não iria levar porque a polícia estava vindo", afirmou. Vítimas e testemunhas, no entanto, contam que o táxi não conseguiu deixar o local porque foi cercado pelos seguranças, que teriam retido a chave do motorista.
O dono do espaço disse que não entende porque os seguranças procederam com as agressões e que nunca estimulou esse tipo de violência. Ele afirma que chamou toda a segurança na sexta-feira para entender o que houve. "Eles falaram que ela tacou um copo na cara de um segurança e que pediram para se retirar e elas voltaram jogando garrafa. Estão batendo dizendo que a casa é transfóbica. Eu emprego mais de 150 pessoas. Têm vários músicos que vão tocar bem remunerados", disse.
Firmino afirma que as câmeras externas não estão funcionando e que por isso não conseguiu consultar as imagens e que está colaborando com a investigação.
"A câmera da rua tá queimada. Choveu muito. Se não, eu ia mostrar o que aconteceu. Quero que quem tiver no meio seja punido. Toda hora eu falo, aqui é lugar de paz, não toca em ninguém, lugar de mulher é onde ela quiser. Eu prego que as pessoas têm que se sentir à vontade. Tem uma bandeira LGBT na porta", completou.
O dono do espaço afirmou que dispensou todos os seguranças e que a contratação é feita pelo chefe da segurança. "Na sexta-feira eu chamei todo mundo. Falei rapaziada, o que aconteceu? Disseram que foram os camelôs que bateram nelas. Se eu soubesse que eles fizeram isso eu era o primeiro a ir pra delegacia. Podia ser meu filho. Se errou, tem que pagar", disse.
Firmino afirmou que está contratando um serviço para treinar a equipe inclusive ele próprio para tratar o público LGBT. "Estou fazendo tudo que posso pra isso nunca mais acontecer. Preciso ter pessoas que entendam do movimento, falem a mesma língua, até eu vou passar pelo treinamento", contou.
Segundo uma das vítimas, a confusão teve início na saída do show, quando uma delas foi empurrada por um homem em uma fila e a modelo o empurrou de volta. Nesse momento, as três, que estavam com uma quarta amiga, foram levadas para fora à força por seguranças. Do lado de fora, uma discussão teve início. Quando as irmãs tentaram embarcar no carro de aplicativo que haviam pedido para ir embora, o motorista teria se recusado a levá-las, por estarem envolvidas na briga. Conforme o relato, o motorista, posteriormente, passou a filmar a confusão. Uma das mulheres, então, agrediu o homem, que, junto com os seguranças e vendedores ambulantes, teriam passado a incitar a violência contra o trio e as chamaram de "vagabundas".
Em entrevista ao DIA, o motorista de aplicativo relatou que trabalhava no momento que uma garrafa de vidro danificou seu veículo, em frente ao estabelecimento. Ele saiu do automóvel para gravar a cena com objetivo de acionar o seguro. A filmagem mostra que uma mulher tenta tirar seu celular e, em seguida, ele aparece com um ferimento no rosto. O homem disse que levou um soco e se sentiu acuado.
As três caminharam até a esquina do Casarão, ainda sendo alvo dos xingamentos. Um ambulante se aproximou delas e disse que só pouparia de agressões a mulher cisgênero. "Eu não bato em mulher, em homem eu bato", teria dito, mas acabou a agredindo com socos quando ela o chamou de covarde, momentos em que as irmãs tentaram contê-lo.
A modelo acrescentou que outros homens, entre os seguranças do estabelecimento e ambulantes, apareceram e a briga se tornou generalizada. "Pode espancar que é tudo homem", um deles teria falado.
Dois seguranças do Casarão e o motorista de aplicativo também foram ouvidos na distrital e as vítimas passaram por exame de corpo de delito. Uma delas teve o nariz quebrado, outra fraturou a costela.
Parlamentares acionam Polícia e MP
No entendimento de que uma grande mudança é necessária para a garantia de que episódios assim nunca mais aconteçam, decidimos promover treinamento especializado para a nossa equipe, além de outras medidas. Com isso, priorizando o momento de ouvir, aprender e mudar, decidimos manter o Casarão do Firmino fechado neste fim de semana para que, em sua reabertura, seja um ambiente acolhedor, inclusivo e seguro.
Medidas em curso para garantir a segurança e o bem-estar de todos que frequentam o Casarão do Firmino:
- Afastamento preventivo dos seguranças envolvidos nos acontecimentos até o fim das investigações.
- Aumento do critério de seleção de novos colaboradores.
- Treinamento especializado de forma constante para o nosso time.
Agradecemos a compreensão da comunidade e reafirmamos o nosso compromisso em agir com transparência e responsabilidade com a diversidade de nosso público.
Com respeito, Casarão do Firmino.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.