Calçada ficou com marca de sangue após Jefferson Costa, de 22 anos, ser baleado por PM na MaréPedro Ivo / Agência O Dia

Rio - O corpo de Jerfferson de Araújo Costa, 22 anos, morto por um policial militar durante um protesto no Complexo da Maré, será enterrado neste sábado (10), às 12h15, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Nesta sexta-feira (9), familiares estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberação do corpo da vítima. Kaylaine de Araújo Costa, irmã do jovem, contou que a família segue sofrendo com a perda.
"Foi tudo na minha frente e na frente da minha mãe. Foi desesperador. Até agora não estou acreditando. (...) O meu irmão era uma pessoa boa, trabalhadora, trabalhava como entregador, ajudante de pedreiro, ajudava toda a família também. Sempre ajudava a minha avó a carregar as compras, com as bolsas pesadas. Agora ela está lá, sofrendo, chorando muito, em pânico", comentou.
Jefferson morreu depois de ser baleado na barriga durante uma manifestação contra uma operação realizada na região na quinta-feira (8). Imagens que circulam nas redes sociais mostram a abordagem do PM, que usa o fuzil para bater no jovem. Logo em seguida escuta-se o disparo. A gravação mostra a vítima sangrando e desmaiando na calçada. O par de chinelos e o boné de Jefferson foram deixados no local onde ele foi baleado, ao lado de uma poça de sangue.
De acordo com a PM, agentes do 22º BPM (Maré) foram acionados para intervir em uma manifestação que ameaçava fechar a Avenida Brasil. A corporação informou que, durante a ação, o fuzil de um dos policiais disparou e acabou atingindo um manifestante.
Jefferson foi socorrido e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte, mas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), já chegou sem vida na unidade.
O secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, comentou que a atuação do PM foi completamente equivocada e que imagens do crime seguem sendo analisadas pela Corregedoria. "Não é ensinado isso nos nossos bancos escolares, nos nossos centros de treinamento. A abordagem daquela forma, numa manifestação, não é feita daquela forma. Completamente equivocada a abordagem do policial”, admitiu o secretário.
PM envolvido foi preso
Durante uma audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (9), a Justiça do Rio converteu a prisão em flagrante do policial militar Carlos Eduardo Gomes dos Reis para preventiva. 
O juiz Diego Fernandes Silva Santos entendeu que há indícios de um homicídio qualificado, que se trata de um crime hediondo com pena superior a quatro anos de reclusão. Atualmente, Carlos Eduardo responde por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e omissão de socorro.
O PM foi preso na noite desta quinta-feira (8) após prestar prestar depoimento na à 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). Sua arma e sua câmera operacional portátil, que estava na sua farda no momento em que atirou no jovem, foram recolhidas e disponibilizadas para a investigação. O agente foi encaminhado, ainda na noite de quinta, para a Unidade Prisional da Corporação, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
A PM destacou que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM), por meio de sua Corregedoria Geral, para esclarecer as circunstâncias do fato. O agente chegou a prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas o caso ficou a cargo da Justiça Militar.