Brasil, esse país judeuArte O DIA
Aprofundando o tema da influência judaica na formação cultural e literária do Brasil, este artigo busca destacar não apenas a contribuição histórica, mas também o reconhecimento e a valorização dessa presença na construção da identidade brasileira. A partir do caso de Gaspar de Lemos, sugerido por Afrânio Peixoto como o verdadeiro autor da carta de Pero Vaz de Caminha, observamos a participação judaica desde os primórdios da exploração do território brasileiro. Este fato, juntamente com a homenagem na ilha de Fernando de Noronha ao primeiro arrendatário cristão-novo no Brasil, sugere uma presença judaica significativa desde o início da colonização.
A influência judaica estende-se à educação, com Madalena, filha de Diogo Álvares Correia (Caramuru), sendo a primeira brasileira alfabetizada, e a Branca Dias, primeira mestra no Brasil, ambas figuras que desafiaram as convenções de sua época e enfrentaram perseguições pela Inquisição. O pedido de abolição da escravatura por Madalena revela uma afinidade entre a situação dos judeus e dos escravos, evidenciando um anseio compartilhado por liberdade e igualdade.
O papel dos judeus na história cultural do Brasil é ainda mais evidente na figura de Antônio José da Silva, o "Judeu", cujas obras teatrais, ainda hoje celebradas, refletem a riqueza e a complexidade da contribuição judaica para a literatura brasileira. Sua perseguição e execução pela Inquisição destacam a contínua luta contra a intolerância religiosa e a discriminação.
Esta análise destaca a necessidade de reconhecer e valorizar a diversidade cultural e as várias contribuições que compõem a rica tapeçaria da identidade brasileira. Ao fazer isso, desafiamos a visão tradicional e promovemos uma compreensão mais inclusiva e abrangente da nossa herança cultural, reconhecendo a importância da comunidade judaica na formação do Brasil.
Jacob Pinheiro Goldberg, psicanalista, advogado e escritor
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.