Família fez lista de hospitais que negaram atendimento à vítimaCleber Mendes

Rio - Sabrina Furtado de Mendonça, de 40 anos, morta após ser atropelada por uma motocicleta que invadiu a calçada, foi sepultada na tarde desta quarta-feira (21), no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste. Sabrina morreu nesta segunda (19), no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, dois dias após o acidente.

O motociclista invadiu a calçada na Rua Conceição do Castelo, em Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio, e atropelou Sabrina no último sábado (17) por volta das 6h30. A família da vítima afirma que ela passou o dia em uma ambulância e que só conseguiu ser internada quase 16 horas após o acidente. Segundo a PM, o homem que a atropelou está preso sob custódia no Hospital Municipal Rocha Faria.
O enterro ocorreu no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, às 15h - Cleber Mendes
O enterro ocorreu no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, às 15hCleber Mendes

Ao DIA, Larissa Mendonça, filha de Sabrina, lamentou a negligência nos cuidados com sua mãe. "Eu só queria compaixão da parte médica dos hospitais, eles não tiveram humanidade, poderiam ter avisado no caminho que não tinha mais vaga ao invés de esperar a ambulância chegar para ter que ir parar em outro hospital do outro lado do Rio de Janeiro. Foi negligência médica, poderia não ter salvado a vida da minha mãe mas eu queria compaixão, o que não tiveram com a família e nem com ela", disse.

De acordo com Elaise Tibúrcio, avó paterna de Larissa, o acidente aconteceu às 6h30, foi solicitado socorro e a ambulância só chegou às 8h. Sabrina deu entrada no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, onde recebeu cuidados, mas teve que ser transferida devido à falta de equipamentos.
Larissa Mendonça, filha da vítima, lamentou a negligência médica - Cleber Mendes
Larissa Mendonça, filha da vítima, lamentou a negligência médicaCleber Mendes

Segundo a avó de Larissa, por volta das 15h a ambulância seguiu para o Hospital Miguel Couto, no Leblon, onde Sabrina não foi aceita. Depois disso, seguiram para o Souza Aguiar, no Centro, onde também não quiseram aceitá-la. Já por volta das 21h, ela foi encaminhada para o Hospital Getúlio Vargas. "O médico do Rocha Faria deu muita atenção durante o processo e a acompanhou até o Getúlio Vargas, onde conseguimos internar ela quase 23h. No dia seguinte foi feita a cirurgia mas já foi constatado que ela não respondia mais aos estímulos", lamentou Elaise.

Cristiane Correia e Luís Cláudio, que frequentavam a mesma igreja de Sabrina, presenciaram  o acidente. “Estávamos descendo juntas para a igreja. Passaram várias motos e ela estava na calçada e eu no meio da rua. Quando fui para o passeio aquelas mesmas motos voltaram descendo a rua. Rapidamente vi ela voando por cima de mim e parando do outro lado da pista com a moto do lado dela. Eram cerca de três rapazes. O que atropelou a Sabrina queria fugir, mas meu irmão pegou a chave e os moradores seguraram ele”, relatou Cristiane.

Luís Cláudio disse que estava atrás das duas e viu o momento em que o condutor empinou a moto e perdeu o controle. “Nós vimos que os motoqueiros estavam correndo com muita imprudência. Assim, um deles empinou a moto, perdeu a direção e foi para cima de Sabrina da calçada. Ele atingiu ela de costas e ela bateu a cabeça no chão. Ai eu te pergunto: onde nós vamos andar se nem na calçada é seguro mais? Ela tinha o sonho de montar sua casa e perdeu tudo por uma brincadeira de outra pessoa”, disse.

O pai de Sabrina, Ubirany Mendonça, se revoltou com a situação e disse que vai buscar incessantemente por justiça: "Eu queria saber se fosse uma pessoa com boas condições financeiras, um político ou filho de político, se ia ficar mais de 15 horas em uma ambulância? Será que teria acontecido o que aconteceu com minha filha?"
O velório começou às 11h na Capela 2 do cemitério - Cleber Mendes
O velório começou às 11h na Capela 2 do cemitérioCleber Mendes