Alunos e pais levaram balões brancos e pediram paz, após morte do porteiro SebastiãoReginaldo Pimenta

Rio - Um ato público neste sábado (24), em Icaraí, Zona Sul de Niterói, homenageou a memória de Sebastião Lair Hipólito, de 65 anos, porteiro que foi morto a facadas, nesta sexta-feira (23), na porta de uma unidade da rede de colégios MV1, na Rua Gavião Peixoto, no mesmo bairro. Sob forte comoção, a manifestação, que pediu o fim da violência e cobrou justiça, contou com a presença de familiares da vítima, além de funcionários, alunos, seus pais, e outros moradores de Niterói.
Sebastião, carinhosamente conhecido como Tião, foi morto por Renan de Oliveira da Silva Santos, de 21 anos, que tentou invadir a instituição de ensino para furtar objetos. O porteiro, no entanto, tentou impedir a ação e acabou esfaqueado.

O homem, que já havia sido preso duas vezes, fugiu em seguida e ainda roubou uma bicicleta e o celular de uma pessoa, até ser encontrado por agentes do programa Segurança Presente. Mesmo aposentado, Sebastião continuava trabalhando para complementar a renda.
Emocionada, a irmã de Sebastião, Silvia Hipólito, de 61 anos, lamentou a morte: "Em casa, ele era um paizão. Era o único irmão que eu tinha. E agora, a vida dele foi ceifada. Isso não pode continuar. Essa rua tá um perigo, ele vinha trabalhar e falava. A lembrança que vai ficar dele é a melhor possível. Ótimo pai, irmão e marido. Ele era uma ótima pessoa", disse.
O único sobrinho de Sebastião, João Hipólito, 31, protestou contra a situação da segurança pública na cidade: "Uma pessoa viciada saiu e matou meu único tio. Semana que vem, ele vai estar solto de novo e isso acontece aqui no Brasil. Um pai de família, deixar a única filha, neta, a minha mãe está sofrendo. Vou lembrar do meu tio maravilhosamente bem. Uma pessoa que cuidou de mim, me criou. Todos aqui estamos pedindo justiça. Cadê os governantes de Niterói?", afirmou.
Ana Caroline Scani, 17, mora em Icaraí e estuda no MV1 há 12 anos. Ela já conhecia o Sebastião desde menor: "Ele viu a gente crescer e é muito triste o que aconteceu. Infelizmente, a segurança não dá auxílio o suficiente para que não aconteça novamente. Ele era muito querido e amado. Sempre estava com um sorriso no rosto, dando bom dia, boa noite, recepcionando todo mundo", lamentou.
O segurança Paulo Roberto do Nascimento, 53, trabalhou junto com Sebastião por 20 anos e ressaltou o heroísmo na atitude que culminou na morte do amigo: "Ele fazia tudo pelos outros. Tudo que ele tinha era pra ajudar o próximo. Uma pessoa sem palavras. Ele morreu em uma coisa de herói. Estava protegendo as crianças e o cara fazendo uma covardia dessas. Vamos ver se ele vai continuar preso".

Nesta sexta, a unidade de Icaraí do MV1 divulgou uma nota de pesar. "Ao abrir as portas da nossa escola, cumprindo sua rotina diária, ele foi atacado por uma pessoa em situação de rua, que o atingiu covardemente pelas costas. Estamos profundamente consternados pela perda irreparável de uma pessoa gentil, educada e responsável. Que nosso amigo Sebastião descanse em paz, e que sua memória permaneça entre nós".

Renan da Silva Santos foi levado para a 77ª DP (Icaraí). A Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) investiga o caso.

O enterro da vítima aconteceu no início da tarde deste sábado (24), no Cemitério do Maruí, no Barreto, também em Niterói.