Rio - O presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares, comemorou o acordo que permitirá a criação da nova Cidade do Samba dedicada à Série Ouro. A estrutura faz parte do complexo de construções previsto pela Prefeitura do Rio para o terreno da Estação Leopoldina, no Centro do Rio. Para ele, o anúncio é uma vitória para o carnaval do Rio.
"Isso vai melhorar a qualidade do espetáculo e dar dignidade para essas 16 comunidade, seus trabalhadores, que fazem do carnaval sua fonte de renda. Essa valorização, na verdade, passa acontecer agora com as escolas do acesso e a gente vê que o nível está cada vez crescendo mais. Participar disso, dessa valorização das nossas comunidades não tem preço", disse Palhares.
Na segunda-feira (26), a Prefeitura do Rio e União fecharam um acordo para o município assumir o prédio da Estação Leopoldina e o terreno de 114 metros que compõe a estrutura. É nesse local onde será construída a nova sede da divisão de acesso do carnaval.
Até a conclusão dessas obras, as escolas do grupo de acesso seguem realizando todos os preparativos para os desfiles do carnaval em seus barracões, que nem sempre dispõem da estrutura necessária, além de em alguns casos serem distantes do Sambódromo.
O projeto de revitalização do espaço havia sido apresentado pela prefeitura em dezembro do ano passado. Além da Cidade do Samba, o terreno irá incluir ainda um Centro de Convenções, um bairro popular, uma clínica da família e uma escola pública no modelo Ginásio Experimental Tecnológico (GET), que atua com polos de inovação. A expectativa é que a as obras durem dois anos.
Em 2025, o carnaval da Série Ouro será disputado pelas seguintes escolas: Império Serrano, Estácio de Sá, União de Maricá, Inocentes de Belford Roxo, Acadêmicos de Niterói, Vigário Geral, Unidos de Bangu, Unidos da Ponte, Em Cima da Hora, União do Parque Acari, Arranco do Engenho de Dentro, Porto da Pedra, Botafogo Samba Clube e Tradição.
História da estação
A Estação Ferroviária Barão de Mauá funcionou até meados de 2002, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis, na Região Serrana, e aos estados de São Paulo e Minas Gerais. Posteriormente, quando teve seu direito de uso cedido à SuperVia, a instalação foi fechada. As linhas foram remanejadas para a Estação Central do Brasil. Pouco depois, ainda chegou a abrigar alguns eventos culturais.
No início deste ano, a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação de Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), Andrea Borde, ressaltou, em entrevista ao DIA, que a Leopoldina é um marco na história do Brasil.
"O nome do local é em homenagem ao Barão de Mauá que construiu a primeira estrada de ferro no Brasil. Ele viajou para a Inglaterra em 1840, viu a iluminação na rua e trouxe a ideia para o país", disse e professora.
Depois de aberta a fábrica, Barão de Mauá instalou uma estrada de ferro, dando início as primeiras ramificações da Estação Leopoldina, que ia até Magé. "A partir de então, mais ramificações foram sendo criadas e alguns ramais priorizados, como Três Rios, Areal e Petrópolis. Em 1926 inauguraram esse grande prédio, projetado por um arquiteto escocês, Robert Prentice, um dos representantes do Art Déco no Rio, que virou um símbolo arquitetônico importantíssimo para a nossa história", contou Andrea, à época.
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