Ação de conscientização no Dia D contra a dengue no Parque das figueiras, na LagoaPedro Ivo

Rio - "É melhor prevenir do que remediar". Em meio à epidemia de dengue, que acometeu mais de 82 mil pessoas no Rio de Janeiro em 2024, o ditado popular caiu na boca do povo. Neste sábado (2), como forma de reforçar as ações contra o mosquito Aedes aegypti, o Parque das Figueiras, na Lagoa Rodrigo de Freitas,  foi palco da campanha "10 minutos contra a dengue". Trata-se de uma mobilização nacional - o chamado "Dia D" - que visa reforçar as ações de conscientização e prevenção no combate à dengue.
O DIA conversou com os cariocas que compareceram ao evento. É o caso da aposentada Regina Célia, de 74 anos. Moradora da Cruzada de São Sebastião, também na Zona Sul, ela contou o que costuma fazer para se prevenir: "Eu passo creme, repelente, não deixo água parada. Coloco água para o cachorro só dentro de casa, e troco o tempo todo, porque também está muito quente. Lá em casa ninguém nunca teve dengue. Estamos levando direitinho", pontou.
Regina Célia acompanhada do cachorro Lion - Pedro Ivo / Agência O Dia
Regina Célia acompanhada do cachorro LionPedro Ivo / Agência O Dia
O evento foi promovido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e contou com diversas atividades, como aulas para formação das brigadas antidengue, exposição de equipamentos, observação do ciclo dos mosquitos em microscópio e distribuição de panfletos.
O menino Caetano Paes Leme, de 12 anos, interrompeu seu passeio de bicicleta para observar a movimentação no parque. Acompanhado do pai, ele se mostrou ansioso para ser vacinado. "Eu tomo vacina de alergia toda semana, então sou acostumado. Passo repelente, não deixo nenhuma água parada, tento não deixar nenhum foco de dengue", afirmou o pré-adolescente, que é filho único.

Já o ator Ângelo Paes Leme, de 50 anos, pai de Caetano, reforçou os cuidados que toma para se prevenir, mas ressaltou que não deixa a paranoia tomar conta da sua rotina. "Diferentemente da covid que tinha aquela problemática de pegar em locais aglomerados, o mosquito está aí de qualquer forma. Não é porque você está num parque que vai ser picado. Tem que ser uma ação conjunta em que a cidade e seus órgãos governamentais, assim como a população, estejam fazendo uma ação em prol desse cuidado", acrescentou.
Caetano e Ângelo Paes Leme - Pedro Ivo / Agência O Dia
Caetano e Ângelo Paes LemePedro Ivo / Agência O Dia


A médica Camila Ferreira, de 35 anos, é mãe de uma bebê de apenas nove meses. Ela compartilha da opinião de não deixar o medo do mosquito afetar sua vida, mas se previne como pode.
"É difícil evitar locais com mato porque somos cercados de mato na cidade. Para não ficar nesse neura, eu passo repelente. Como ela é muito pequena, passo o hidratante primeiro. E à noite, em casa, quando dá o horário de mosquito, fecho as janelas e coloco aqueles repelentes de tomada. Temos areia no vaso de planta. A água que não é retida pela planta fica na areia", pontuou.
Quem também estava acompanhado da filha neste sábado era o bombeiro militar Ronaldo Lopes, de 48 anos. Ele é mais um do time que se protege do mosquito: "Evito água parada, mantenho os vasos com areia por baixo na hora de molhar as plantas, deixo a calha limpa. Faço minha parte de não sair de casa sem repelente".
Ronaldo e Gabriela Lopes - Pedro Ivo / Agência O Dia
Ronaldo e Gabriela LopesPedro Ivo / Agência O Dia
A secretária de Saúde do estado, Cláudia Mello, comentou sobre a importância do evento: "É uma mobilização nacional. É uma rotina nossa trabalhar dengue desde sempre, mas hoje a gente tem um dia nacional de mobilização para a gente poder trabalhar todo mundo ao mesmo tempo, com foco único, e conscientizar muito mais às famílias a olharem seus 10 minutos contra a dengue". 
Como parte do Plano Estadual de Combate à Dengue, dois mil profissionais de saúde estão sendo treinados para acelerar o diagnóstico e o tratamento. A Secretaria coordenou ainda a implantação de 11 centros de hidratação em parceria com os municípios e ampliou as salas de hidratação de 11 UPAs estaduais.
O Rio de Janeiro é uma das cidades brasileiras que vivem uma epidemia de dengue no início deste ano. Segundo o painel de arboviroses da Secretaria Municipal de Saúde, já foram registrados mais de 46 mil casos da doença na cidade, mais que o dobro de 2023 e dez vezes mais que em 2022. Dois óbitos já foram confirmados na capital fluminense - no estado são 14. O sorotipo 1 da dengue é responsável por mais de 70% dos casos, e o sorotipo 2, por quase 30%.
Mutirão de vacina
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também realizou o dia D de ações contra a dengue. Das 8h às 13h, a campanha "Brasil Unido contra a Dengue" fez inspeções de vigilância ambiental para prevenção e controle do mosquito Aedes aegypti nos territórios, distribuição de material informativo e orientações aos usuários nas unidades de saúde, nas estações de BRT e em locais públicos.

Foram dez mutirões de conscientização (uma em cada Área Programática), além de cerca de 130 atividades de prevenção em mais de 60 bairros. A campanha incluiu ainda a vacinação infantil contra a dengue, com busca ativa por não vacinados.
Leonardo Santos levou o filho Davi, de 11 anos, para se vacinar. Ele acredita que a ação no Largo do Machado facilita muito os responsáveis que trabalham durante a semana. "Sabemos que estamos na epidemia de dengue, então temos que levar nossas crianças para se vacinarem", compartilhou Leonardo.
Para Gislani Mateus, superintendente de Vigilância em Saúde, é fundamental o apoio de toda a população no combate ao mosquito transmissor da dengue. Ela destaca o trabalho de vistoria que cada um deve fazer em casa e o trabalho conjunto de todas as instituições durante a epidemia.

"O 'Dia D' Nacional de Mobilização Contra à Dengue é extremamente importante. A gente sabe que é uma doença que preocupa e estamos vivenciando um aumento de casos em todo o país. É fundamental evitar o nascimento do mosquito vetor. O 'Dia D' é importantíssimo exatamente por isso, estamos aqui para vacinar as crianças e também combater os focos do Aedes aegypti", explicou Gislani.

Até agora, 26% do público elegível (crianças de 10 e 11 anos) recebeu o imunizante. Segundo balanço da SMS, apenas 25.317 doses foram aplicadas na primeira semana de vacinação, o que corresponde a menos de 20% das 140 mil recebidas em 22 de fevereiro.
A vacina contra a dengue está disponível em todas as 238 unidades de Atenção Primária da cidade, além do Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, que funciona todos os dias, das 8h às 22h; e o Super Centro Carioca de Vacinação, unidade Campo Grande, localizado no ParkShoppingCampoGrande, que também fica aberto de domingo a domingo, de acordo com o horário de funcionamento do centro comercial.