Julinho Nascimento e Rute Alves, primeiro casal da ViradouroCleber Mendes / Agência O Dia

Rio - Pouco mais de três semanas depois de se sagrar campeão do carnaval do Rio com a Unidos do Viradouro, o primeiro mestre-sala da agremiação, Júlio Cesar da Conceição Nascimento, o Julinho, de 50 anos, viveu uma experiência traumática no domingo (3). O sambista e o filho caçula, de 11 anos, foram alvos de criminosos que levaram o carro da família em uma rua de Oswaldo Cruz, Zona Norte.
Segundo Julinho, os dois tinham acabado de sair da casa de um amigo da escola do menino, quando foram abordados pelos bandidos, na Rua Barão do Jacuí, próximo ao Parque de Madureira. "Nos abordaram rapidamente, apontando pistolas com silenciadores em direção às nossas cabeças. Uma cena que tento esquecer e não consigo, pois se tratou do meu filho e eu me senti impotente na hora", disse Julinho, que disse ter sido arrancado com violência do veículo.
Caso aconteceu na Rua Barão de Jacuí, em Oswaldo Cruz, próximo ao Parque de Madureira - Reprodução
Caso aconteceu na Rua Barão de Jacuí, em Oswaldo Cruz, próximo ao Parque de MadureiraReprodução


"Quando abri a porta com toda calma e aflição que a situação lhe impõe para que o pior não aconteça e já com as mãos para o alto e dizendo a eles dois...'Calma por favor, estou com meu filho!', fui literalmente arrancado para fora do veículo, sem ao menos poder me virar para ver como meu filho estava enfrentando a mesma situação", relembrou.

Para Julinho, após os bandidos levarem o veículo, ficou a sensação de imponência, e ao mesmo tempo de alívio, por nenhum dos dois ter sofrido nada fisicamente: "Em fração de segundos você sente que a sua vida e principalmente a de um filho seu está a mercê de pessoas que não têm nada a perder e ao mesmo tempo não se importam literalmente com a vida alheia".

O mestre-sala e profissional de educação física explica ainda que vem acompanhando o comportamento do filho após a situação traumática. Ele e a família tentam manter a rotina. "Em relação ao psicológico é uma questão de avaliação a partir do ocorrido em diante e a cada dia", relatou Julinho.

Segundo ele, a rotina de violência vivenciada no Rio já havia sido pauta de conversas com os filhos, o de 11 anos e outro de 15, onde o mestre-sala teria falado sobre a importância de ter calma.

"Ele comentou comigo após o assalto, já mais tarde: 'Pai, foi minha primeira 'experiência'!'. Eu perguntei: 'Como assim filho?'. E ele respondeu: 'Numa próxima vez e ficarei mais calmo!'. Sempre conversei com meus dois filhos (...) sobre essas situações de assalto as quais vivemos (ou sobrevivemos) diariamente e como lhe dar com elas mantendo a calma sem movimentos bruscos e ao mesmo tempo agilizar a saída do veículo de forma imediata e mantendo as mãos onde os bandidos possam vê-las para se evitar ao máximo o pior, considerando que cada situação como essa nunca é igual a outra", lembrou,

Segundo ele, além do veículo, um Volkswagen T-Cross prata, os bandidos levaram celulares e documentos. Até o momento, o carro não foi recuperado. Os bandidos estavam em um Hyundai Creta Preto. Além do carro dele, uma picape Hilux cabine dupla que estava mais à frente na rua também foi levada pelos criminosos. "Estou na esperança do veículo reaparecer", disse o artista. 
Carro levado por criminosos era do modelo T-Cross, da marca Volkswagen, na cor prata - Reprodução
Carro levado por criminosos era do modelo T-Cross, da marca Volkswagen, na cor prataReprodução
Um familiar de Julinho chegou a postar uma foto e detalhes do carro nas redes sociais com o objetivo de ajudar na localização do veículo.

"Mesmo com todo o ocorrido, agradeço muito a Deus por este livramento, pois saímos ilesos fisicamente e nossas vidas preservadas. Infelizmente estamos entregues à própria sorte hoje em dia. Só Deus", finalizou.

O caso foi registrado na 29ª DP (Madureira) que investiga o caso em busca dos autores do assalto.