Centenas de pessoas se reuniram no Centro do Rio em marcha 8MRenan Areias/ Agência O Dia

Rio- A marcha 8M, que reivindica os direitos da mulheres por todo o Brasil no dia 8 de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, foi realizada no Centro do Rio. A passeata reuniu centenas de pessoas.
Entre as pautas levantadas estão: políticas públicas de proteção à mulher; vida de todas as mulheres e pela legalização do aborto; fim do feminicídio, lesbocídio, racismo, transfeminicídio; fim do genocídio negro, indígena e palestino; sem anistia para os golpistas de ontem e de hoje; democracia com justiça social e ambiental; empregos sem privatização; saúde e comida no prato; e mais mulheres na política. Frases como "Juntas Somos Gigantes", "Descriminalização do aborto já!", e "Trabalho igual, salário igual", foram algumas das que estampavam as ruas do Centro.
O ato foi iniciado às 16h, com concentração na Candelária, rumo à Cinelândia. "Convocamos todas, todes e todos para estarem nas ruas conosco nessa grande data de luta, que é o 8M. Vamos ocupar as ruas em defesa da democracia! Sem anistia! Chega de feminicídio e de violência contra as mulheres! Por emprego e renda, pela legalização do aborto e pelo fim da fome", convida o perfil de Instagram "8M RJ", organizador da ação. 
Tamara Araújo, de 43 anos, foi uma das presentes e comentou sobre as motivações da participação. "Lutar pela manutenção da nossa liberdade construída a duras penas e que não está dada, né? Estamos vendo índices alarmantes de feminicídio, muito espaço ainda a conquistar", comentou a jornalista. 
O relatório  ‘Elas Vivem: liberdade de ser e viver‘, da Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), mostrou que o estado do Rio registrou um aumento de mais de 95% nos casos de violência contra mulheres entre 2020 e 2023. Houve ainda um crescimento de 134% nos registros de estupro durante o mesmo período. "O perfil dos agressores, em sua maioria, já é conhecido: companheiros e ex-companheiros/namorados e ex-namorados ou pessoas do seio familiar das vítimas", diz a pesquisa.
Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 1,4 mil mulheres foram mortas no Brasil em 2023.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), em 2022, 111 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado do Rio de Janeiro. Destas, 57,8% já haviam sofrido alguma forma de violência antes. Em 2021, foram 85 mulheres mortas, enquanto em 2020, foram 78, de acordo com os Dossiê Mulher. Os dados de 2023 serão divulgados em outubro. 
"Todos os anos procuro vir encorpar a marcha e fico muito feliz de ver muitas meninas jovens e de todas as gerações. Acho importante a gente perpetuar essa luta. Aprender com quem veio e passar pra quem está chegando pra que a gente possa conquistar cada vez mais direitos. Equidade sobretudo", afirmou Tamara, que levou a filha de um amigo para o ato.
A estudante Luiza Antello, de 14 anos, diz achar importante que a 8M aconteça todos os anos. "Para que pessoas como eu, da minha idade, estejamos sempre entendendo o que está acontecendo e buscando mudança para as mulheres", afirmou a adolescente.
O Sindicatos dos Petroleiros do Rio de Janeiro também marcou presença na marcha e deixou o recado: "A luta das mulheres inclui eixos que atingem toda a sociedade. São direitos que precisam ser implementados pelo poder público para que haja garantia de saúde e vida digna para todas."
Entre os gritos de reivindicação das mulheres, estavam "Nenhuma a menos, vivas nos queremos"; "Pisa ligeiro. Quem não pode com as mulheres, não atiça o formigueiro"; e "Marielle perguntou, eu também vou perguntar. Quantas mais têm que morrer para essa guerra acabar?"
A ex-parlamentar Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, sempre é lembrada e homenageada em atos de mulheres como símbolo de resistência e se tornou referência em caso de feminicídio. A frase "Marielle Presente" estampava diversas faixas que passaram pela marcha. 
A CET Rio disse que as ruas Presidente Vargas e Rio Branco foram as únicas interditadas para o movimento, que foi pacífico. De acordo com a Polícia Militar, o 5ºBPM (Praça da Harmonia) não realizou prisões e apreensões no ato público.