Delegado Marcello Maia (direita), titular da DDSD e o diretor-geral de Polícia Especializada, Henrique DamascenoReprodução
Polícia apreende celulares e computadores em operação contra prestação de serviços ligados à facção
Investigação aponta que traficantes do Comando Vermelho lucravam R$ 15 milhões em acordo com empreendimentos em áreas dominadas pelos criminosos
Rio - A Polícia Civil apreendeu, ao longo desta quarta-feira (13), diversos computadores e celulares em endereços ligados a 17 empresas que possuíam acordo com a facção Comando Vermelho para prestação de serviços. Os agentes também coletaram documentos, armas e munições durante a Operação Quartzo.
Ao todo, mais de 400 policiais cumpriram 72 mandados de busca e apreensão em sete municípios do Rio de Janeiro. De acordo com as investigações da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), os traficantes lucravam R$ 15 milhões por mês com a exploração ilegal de sinais de internet e TV e distribuição de água e gás de cozinha.
"A investigação começou com as empresas vítimas procurando a DDSD, dizendo que elas estavam sendo impedidas de realizar o serviço de internet nessas localidades. Essas 17 empresas estavam vinculadas ao Comando Vermelho, que determinam que seus traficantes soltos ameaçassem trabalhadores das outras empresas para que não prestassem serviços nessas localidades", explicou o delegado Marcello Maia, titular da especializada.
As empresas firmavam acordos com a facção para ter exclusividade na prestação de serviços no interior das áreas dominadas pelo Comando Vermelho. Com isso, 50% do valor arrecadado com os clientes era repassado aos traficantes, totalizando R$ 15 milhões por mês aos criminosos.
"Essa operação tem sido de grande importância para impactar o braço financeiro dessa facção criminosa. Com esses R$ 15 milhões, eles aproveitavam para comprar material bélico e conseguir cada vez mais espaço nas comunidades, conseguir terreno. A gente já tem a confirmação de que eles também adquiriam mercados, farmácias e até mesmo se associavam a várias empresas com ar de legalidade para que esse dinheiro fosse lavado", citou Maia.
Ainda segundo o delegado, as empresas foram abertas sem autorização da Anatel, já que o órgão entendeu que os negócios com menos de 5 mil clientes não precisam ter o aval para fornecer o serviço de internet.
A investigação ainda apontou que os traficantes passavam determinações aos moradores das áreas dominadas por eles para que só consumissem apenas nos estabelecimentos indicados por eles.
"O próximo passo é analisar todo esse material que a gente arrecadou hoje, identificar todos os membros dessa facção criminosa e também desses supostos empresários", concluiu o delegado.
A contagem do material apreendido ainda não foi finalizada.
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